sexta-feira, outubro 31, 2008

quinta-feira, outubro 30, 2008

saber a sangue

ponto prévio: prometo que será o último post dedicado ao meu dente, ou melhor, à sua extracção.
a sutura ponteada pelo dentista ainda está em fase de cicatrização. só para a semana se me desalinhavará a gengiva. ao longo do dia, sobretudo se me rir confortavelmente, esquecendo-me da cratera sulcada pela ausência do dente, há ínfimas gotículas de sangue que se entornam pela boca. não me dói mais a gengiva, nem sinto propriamente o fluir de um líquido invasor, é o sabor a sangue que se instala de forma inequívoca. o líquido que nos atravessa as veias, heras que nos rodeiam o corpo, de interno e invísivel, passa a externo e degustável. se conseguissemos perceber mais uma parte do segredo por experimentarmos o sabor. se com as pequenas gotas viesse um pouco de espírito por fora, para podermos saborear o humano.
seria um desincentivo a que o sangue continuasse a correr e a ser expelido pelo coração, o desvendar da chave. o cair do pano. vou é passar a boca por água, porque quero o sabor a humano, mas o mistério também.

quarta-feira, outubro 29, 2008


não, não é a mesma coisa. a estrutura do pensamento pode ser a mesma, mas a consequência final pode divergir. o que faz que um defenda e opte por uma via de solução pode ser o mesmo a fazer que outro não siga o mesmo trilho. a avaliação e a atribuição de sentido à circunstância é muitas vezes ímpar.

terça-feira, outubro 28, 2008

«auch!»
antes de fechar os olhos, vi um avião ao longe, no céu, atrás da janela do gabinete do dentista, que não tem cortinas, nem estore. foi inevitável: esta visão, no contexto, ainda me deu vontade de rir, mas com a boca aberta, disfarcei na perfeição, até porque undina, lâmina 15, por favor e com esta passou-me a vontade e decidi fechar os olhos, fazendo também por bloquear os ouvidos. já está. com tempo, hei-de tecer algum comentário ao dente de que me divorciei hoje. era bonito.
d'entes

hoje terei de subtrair um pouco de mim: há uma rodela no calendário a lembrar-me da extracção de um dente. há tempos, por causa de outra saga no dentista, cheguei a postar qualquer coisa sobre o tipo de acesso que se tem a alguém pela análise do interior da boca. não sei como explicar isto, sou, aliás, a primeira a achar estranho, mas sentir dois olhos postos dentro da cavidade oral é-me mais desconfortável do que as manobras de broca, a sucção da saliva, a anestesia e o ritual final de remoção do dente. num futuro indeterminado, em currículo oculto, alguns dentistas ainda serão industriados a extrair informações sobre os pacientes pela observação da cordilheira dental de cada um. uma parceria com a alta espionagem.

segunda-feira, outubro 27, 2008

açúcares pela baixa

sábado, outubro 25, 2008

2
à noite, disputar um pedaço de telhado com os gatos para poder contemplar a questão de cima, alumiada pelo exagero cor-de-laranja de um lampião público. encontrar uma plataforma para ser dentro da questão, não o sendo totalmente, vendo-a do exterior. olhar-se da janela sem estar realmente no parapeito, ou não o estando muito mais do que o estar na rua, justamente do lado de lá do vidro.

sexta-feira, outubro 24, 2008

peter marlow. hotel staff bow to departing coach party.
kawayu. wakayama. japan. 1998

magnum 2000 phaidon press limited

quinta-feira, outubro 23, 2008

eu sei que ainda não escrevi sobre a luz do e a partir do marquês, de algumas árvores daquele jardim com rugas, onde se fuma um cigarro antes de entrar para o metro, e da tela de fundo pela constituição abaixo. não estou esquecida, mas ainda não é hoje.
uma insistência no nosso nome
acordar com alguém a chamar. uma insistência no nosso nome. tudo dentro do sonho. é, aliás, curioso que seja o sonho a acordar-me de si próprio. é do seu reino onírico que vem o apelo, mas eu acordo como se a voz estivesse mesmo atrás da janela, regressando involuntariamente ao plano real, sem poder aperceber-me de quem me chamava. foi o sonho que me despertou. o gato miou um quarto de hora depois, mas esse (que eu perceba) não articula o meu nome.

terça-feira, outubro 21, 2008

De que cor será sentir?

Fernando Pessoa, numa carta a Mário de Sá-Carneiro (não sei precisar a data, porque extraio a pergunta, de memória, do filme Conversa Acabada, de João Botelho)

segunda-feira, outubro 20, 2008


dia 49

domingo, outubro 19, 2008

para a minha, pelo episódio de ontem na cozinha








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No sorriso louco das mães batem as leves

gotas de chuva. Nas amadas

caras loucas batem e batem

os dedos amarelos das candeias.

Que balouçam. Que são puras.

Gotas e candeias puras. E as mães

aproximam-se soprando os dedos frios.

Seu corpo move-se

pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões

e órgãos mergulhados,

e as calmas mães intrínsecas sentam-se

nas cabeças filiais.

Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,

vendo tudo,

e queimando as imagens, alimentando as imagens,

enquanto o amor é cada vez mais forte.

E bate-lhes nas caras, o amor leve.

O amor feroz.

E as mães são cada vez mais belas.

Pensam os filhos que elas levitam.

Flores violentas batem nas suas pálpebras.

Elas respiram ao alto e em baixo. São

silenciosas.

E a sua cara está no meio das gotas particulares

da chuva,

em volta das candeias. No contínuo

escorrer dos filhos.

As mães são as mais altas coisas

que os filhos criam, porque se colocam

na combustão dos filhos, porque

os filhos estão como invasores dentes-de-leão

no terreno das mães.

E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,

e atiram-se, através deles, como jactos

para fora da terra.

E os filhos mergulham em escafandros no interior

de muitas águas,

e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos

e na agudeza de toda a sua vida.

E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,

e através dele a mãe a mexe aqui e ali,

nas chávenas e nos garfos.

E através da mãe o filho pensa

que nenhuma morte é possível e as águas

estão ligadas entre si

por meio da mão dele que toca a cara louca

da mãe que toca a mão pressentida do filho.

E por dentro do amor, até somente ser possível

amar tudo,

e ser possível tudo ser reencontrado por dentro do amor.

poema de Herberto Helder (Poesia Toda; Fonte II) musicado na edição "os poetas" entre nós e as palavras, projecto de Rodrigo Leão, Gabriel Gomes e Manuel Hermínio Monteiro, 1997. voz do poeta [é possível que, inicialmente, o download demore um pouco]

sábado, outubro 18, 2008

Juventude em Marcha
Pedro Costa (2006)
Nha cretcheu, meu amor, o nosso encontro vai tornar a nossa vida mais bonita por mais trinta anos. Pela minha parte, volto mais novo e cheio de força. Eu gostava de te oferecer 100 000 cigarros, uma dúzia de vestidos daqueles mais modernos, um automóvel, uma casinha de lava que tu tanto querias, um ramalhete de flores de quatro tostões. Mas antes de todas as coisas bebe uma garrafa de vinho bom, e pensa em mim. Aqui o trabalho nunca pára. Agora somos mais de cem. Anteontem, no meu aniversário foi altura de um longo pensamento para ti. A carta que te levaram chegou bem? Nao tive resposta tua. Fico à espera. Todos os dias, todos os minutos, todos os dias aprendo umas palavras novas, bonitas, só para nós mesmo assim à nossa medida, como um pijama de seda fina. Não queres? Só te posso chegar uma carta por mês. Ainda sempre nada da tua mão. Fica para a próxima. Às vezes tenho medo de construir estas paredes, eu com a picareta e o cimento e tu, com o teu silêncio. Uma vala tão funda que te empurra para um longo esquecimento. Até dói cá dentro ver estas coisas más que não queria ver. O teu cabelo tão lindo cai-me das mãos como erva seca. Às vezes perco as forças e julgo que vou esquecer-me.


[queria escrever algo sobre as mãos, ou melhor, as unhas de Ventura, mas terei de deixar a operação para uma segunda audiovisão do filme]
pausa para comer um pão com marmelada e apanhar um pouco de ar fresco nos jardins de serralves, antes da sessão seguinte. há tanto tempo que procurava ver este filme:

Conversa Acabada
João Botelho (1981)

De início, para mim, Conversa Acabada deveria ser um quadro negro com a voz em «off». Mas com uma hora e quarenta assim, todos os espectadores sairiam da sala. A ideia era dar a máxima importância aos textos, mas aos textos no ecrã negro (...) Mas sei que se as pessoas não forem atraídas por alguma coisa, não ficam para ver o filme, neste caso para ouvi-lo.

João Botelho

não sendo eu grande conhecedora ou apreciadora de João César Monteiro, há uns anos atrás lembro-me de me ter sentido entusiasmada pela ideia de ouver o famigerado Branca de Neve. sei que outras questões, que não as da concepção original, terão motivado o negro dessa tela, mas não me interessa discuti-las aqui, importa-me o conceito final. hoje fiquei a saber que João Botelho já havia pensado, de raiz, no mesmo. já ele achou por bem destapar a câmara.

sexta-feira, outubro 17, 2008

em branco


subi o estore, logo pela manhã, a acordar gratidões ensonadas, ainda com um pé na fronteira do sono. justamente quando pensava nesta questão, da energia íntima ao despertar para o turno de horas em que respiramos de olhos abertos, reparei no rasto atmosférico deixado por um avião, que sulcava o azul, deixando atrás de si o efeito de uma linha. não deixes a linha em branco. escreve-te na manhã. escreve-te no dia. os pensamentos são vozes sem impacto acústico (ou com, mas isso será outra conversa). este, não sei bem donde me veio. que importa, porém?alguns ditames são bem-vindos.

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quarta-feira, outubro 15, 2008

o andrógino (último fragmento)
Uma vez realizada esta divisão da natureza primitiva eis que cada metade, desejando a outra, a procurava e os pares estendendo os braços, agarrando-se no desejo de se reunirem, morriam de fome e também de preguiça, porquanto não queriam fazer nada no estado de separação. Quando uma metade perecia a segunda, abandonada, procurava outra a quem se agarrar quer fosse uma metade de mulher completa - aquilo a que hoje chamamos mulher - quer a metade de um homem, e a raça extinguia-se assim. Compadecido, Zeus imagina, então um meio: desloca os seus sexos e põe-nos para a frente – até ali tinham-nos atrás, procriando-se e reproduzindo-se não uns graças aos outros, mas na terra, como fazem as cigarras. Realizou, portanto essa deslocação para a frente que lhes permitiu reproduzirem-se entre si (…) é desde então que o amor mútuo é inato aos homens, que recompõe a sua natureza primitiva, procura restituir a um a partir do dois e curar essa natureza humana ferida.
idem, ibidem
o andrógino (cont.)

Como disse, tinham uma forma esférica e deslocavam-se circularmente, de acordo com a sua origem; daí derivam também a sua força terrível e o seu vigor. Tendo então concebido soberbos pensamentos, empreenderam contra os deuses o que diz Homero de Efialtes e Otos, que estes empreenderam subir até ao céu para atacar os divinos. Então, Zeus e os outros deuses deliberaram sobre o castigo a infligir-lhes e não sabiam que fazer: não havia meio de os matar, como aos gigantes, de os fulminar e aniquilar a sua raça —seria suprimir os homens e o culto que os homens lhes prestam—, nem de tolerar a sua insolência. Depois de uma penosa meditação, Júpiter dá finalmente a sua opinião:

“Creio que há um meio para que continue a haver homens e para que, tornados menos fortes, estes fiquem libertos do seu desrespeito; vou cortar cada um deles em dois, ficarão mais fracos e, ao mesmo tempo, aumentando o seu número, ser-nos-ão mais úteis; dois membros bastar-lhes-ão para caminhar; e, se reincidirem na impudência cortá-los-ei de novo em dois, de modo que terão de andar a pé-coxinho”


Assim dito, assim feito: Zeus cortou os homens em dois, como se corta a sorva para a fazer secar ou o ovo cozido com um cabelo. Cada um assim dividido, ordenou a Apoio que lhe voltasse o rosto e a metade do pescoço para o lado do corte, a fim de que ao ver-se assim cortado o homem assumisse o sentido das proporções; quanto ao resto, que o curasse! Apolo voltou então o rosto e puxou de todos os lados o que se chama agora o ventre, apertou como com o cordão de uma bolsa em redor da única abertura que restava e foi o que agora se chama o umbigo. Quanto às pregas formadas apagou-as na maior parte, modelou o peito com um instrumento bastante semelhante ao que usam os sapateiros para alisar os couros na forma, mas deixou algumas pregas no ventre, em volta do umbigo, destinadas a lembrar-lhe o que sofrera na origem.

idem, ibidem
o andrógino
a propósito de questões suscitadas por algumas passagens de Vale Abraão, procurei reler o mito platónico do andrógino.
(...) a nossa natureza original não era o que é hoje, longe disso. A princípio havia três géneros entre os os homens, e não dois, como hoje, o masculino e o feminino; um terceiro era composto dos outros dois: o se nome subsistiu, mas a coisa desapareceu: então, o real andrógino, espécie e nome, reunia num único ser o princípio masculino e o princípio feminino; agora já não é assim e só o nome ficou, como uma injúria. Em seguida, cada homem tinha a forma de uma esfera, com as costas e as costelas em arco, quatro mãos, outras tantas pernas e duas faces ligadas a um pescoço arredondado, absolutamente idênticas; para essas duas faces opostas, um único crânio, mas quatro orelhas, os órgãos genitais duplicados e tudo o resto, que se pode imaginar, sobre o mesmo modelo (...) Se havia três géneros, e tais como eu disse, era porque o primeiro, o masculino, era originariamente filho do Sol, o segundo, feminino, extraído da Terra, e o terceiro, participante dos dois, da Lua, porque a Lua tem esta dupla participação.

O Banquete Platão, Europa-América
no próximo post, há mais, agora é que já não são horas de estar na blogosfera.

segunda-feira, outubro 13, 2008

ajustado/desajustado
ontem, com o sono outonal que por aí paira, não conseguia atinar com a marcação do pin no telemóvel. felizmente, antes da terceira vez, ou seja, antes que a optimus me bloqueasse o cartão, despertei por completo e consegui perceber que estava a tentar introduzir o código do cartão bancário no telefone... desajustes.
e nos outros bloqueios? será alguma espécie de sono que não nos deixa despertar verdadeiramente para o código de acesso? como se acorda para o desajuste? como se acha o ajuste. sesamo só se herda com consciencialização. [1]
[1] talvez não precisasse de identificar o autor, porque me parece claro que se trata de mais um ensinamento do tal sábio do alasca, naturalmente.

domingo, outubro 12, 2008


Vale Abraão Manoel de Oliveira (1993)
quem não fala e não ouve vê melhor, talvez veja tudo. o douro a rasgar o vale era um canal que fluía com a voz off. deve uma voz off atravessar o cinema sem mesura? estou a ler ou a ver um filme? tantos comentários. tantas considerações sobre o caroço das personagens, quando queria ser eu a fazer o trabalho de casa da descodificação do contexto. o processo assim seria sempre mais aberto e plural, sem a legenda timbrada a mário barroso. paradoxos que me distrairam durante a sessão: não queria, realmente, tanta voz off, mas queria, porque o coração do meu ouvido gostava de ouvir. creio que persiste no homem um fascínio original e primitivo - no sentido mais genuíno - pelo escutar de uma história. deixar entrar uma voz que dirige e sequencia o compasso na tela, a pensar que queria mais silêncio verbal. árvore flor fruto. mão cabelo vestido. olhar cigarro cachimbo. vidro tecto oratório. unidades a fazer o todo focalizador a empenumbrar (este verbo existe?) o resto da cena. eu sei que há melhores planos de Ema, mas este gato, para além de impertinente, é quase igual ao meu. não dissertarás sobre amor ao domingo, preceituava um sábio anónimo do Alasca. tenho de reler Platão: estou esquecida do mito do andrógino, preciso de relembrar esse passo ao pormenor, seria apenas com base no grego que Oliveira o introduziu ou foi mais além a fonte de consulta? mas não dissertarás sobre amor ao domingo. acho que vou respeitar o mandamento. o ponto final fica aqui -.

sábado, outubro 11, 2008

post-it aqui colado, como se no branco do frigorífico estivesse

tenho de escrever qualquer coisa sobre o dourado dos fins de tarde do Porto; aquele ponto de passagem no marquês está sempre a pedi-las!

sexta-feira, outubro 10, 2008

quinta-feira, outubro 09, 2008

NON. Terrível palavra é um NON. Por qualquer lado que o tomeis, é sempre NON. [1]

Enquanto que toda a história enaltece o herói, aquele que vence, o NON põe acento noutro ponto, que é o da dádiva. Não é o da conquista, mas é o da dádiva.

Manoel de Oliveira


uma tentativa de digitalização do barquinho de papel que fiz com a folha de sala. o staff de acolhimento sorriu-me, quando recusei nova entrega de informação, já à entrada do auditório, abanando o barquinho de papel: já tenho! não lhes exliquei, devolvendo apenas um sorriso, mas não faço barquinhos para amarfanhar informação, pelo contrário. palavras prévias do decano, que ontem estava, vindo do méxico: o filme não é contra Portugal, mas uma reflexão sobre a Guerra, explicava. a paisagem de asfalto da VCI, sobretudo à noite, é entediante. valha-nos a música dentro do carro. e ontem a meia-lua, como um olho a velar o trânsito entre o breu do céu.

[1] Padre António Vieira



quarta-feira, outubro 08, 2008

o assunto


- é melhor exorcizar, falar das questões ingratas até ao vómito. só assim virá o alívio.
- falar, naturalmente. com ouvidos seleccionados. não muitas vezes. a exaustão é xadrez para obssessivos.
- falar até reduzir ao rídiculo. falar para esvair o assunto de potência.
-não. saber reduzir a questão ao essencial, para depois a hierarquizar em importância, rodar a mente para outra frequência, manipular o pensamento como o botãozinho do rádio, para longe.
- é impossível...
- difícil, apenas.
- o pensamento assalta, sem bater à porta.
- é preciso rodar a mente, o coração, como o botão sintonizador do rádio. às vezes vejos tomadas em bocas que se abrem, em costas que se curvam em soçobro perante o incontornável; é assim que o pensamento vem e se crava no íntimo como uma ficha a entrar nos dois oríficos da corrente. e as bocas a falar e o assunto a ficar cada vez mais potente. e as costas a dobrar e o assunto a ganhar força eléctrica. não deixes a ficha entrar.
- algo tem de ser dito. o homem evolui pela partilha. consola-se pela confissão.
- naturalmente. falar do assunto. mas há mais íntimos dentro de um íntimo. não te deites debaixo da manta do assunto, não dês tanta electricidade ao assunto, não dobres as costas, à mercê da ficha do assunto, que vem a serpentear até se introduzir nos buraquinhos da tomada, em euforia de watts, por estares mais uma vez a falar do assunto. somos sempre um pouco maiores do que nos fazemos.
- ou o contrário.
- que vício...

sexta-feira, outubro 03, 2008

o que unirá falta de sentido de amor a falta de sentido de humor, para se dar a graça num lapsus linguae?

quarta-feira, outubro 01, 2008

"Claire, now that you've had this miracle, what do you want more than anything else?"
"Actually," I said, "I'm dying for a beer right now."
As soon as those words came out of my mouth, I wished I could pull them back in. I was mortified that I had answered this sincere question with such a flippant response. I was also surprised, because I didn't even like beer. At least I never had before. But the craving I felt at that moment was specifically for the taste of beer. For some bizarre reason, I was convinced that nothing else in the world could quench my thirst.
That evening, after the reporters had left, an odd notion occured to me: maybe the donor of my new organs, this young man from Maine, had been a beer drinker (...)
Was it me, or was it my heart?


A change of heart Claire Sylvia (1997) sinopse>