segunda-feira, julho 27, 2009

sábado, julho 25, 2009

cheira a morte, cheira a pêssego
de volta de um velório. enquanto afundo as teclas do pc para escrever, sinto o cheiro do pêssego que comi há uns minutos a persistir nas pontas dos dedos, mesmo depois de lavados. o signo da morte mistura-se com a irradiação vital do fruto. em sintonia com o meu íntimo: a partida de alguém não tem de ser dissociada de um conceito de vida; a saudade,inevitável, não tem de turvar a intuição de um caminho.

sexta-feira, julho 24, 2009

quinta-feira, julho 23, 2009

quero muito ver este tarkovsky.

quarta-feira, julho 22, 2009

cara icendul,
se andava cansada-ensonada-com-excesso-de-trabalho, visse, então, o filme noutra ocasião, e a outras horas. deixei algumas palavrinhas para os espectadores sobre pássaros aqui. faça com elas o que lhe aprouver. desejo-lhe um bom sono.
antes que se recolha, tem lumes?



segunda-feira, julho 20, 2009

o que diz morais

humor - s. m. Água ou humidade; Qualquer fluído contido num corpo organizado; Nome vulgar dos abcessos frios; Fig. Disposição de espírito, estado de alma; Graça.

domingo, julho 19, 2009

david alam harvey. chachua. méxico. 1992 (magnum)

dos porquês
o problema de alguns dos argumentos mais verdadeiros e importantes é serem difíceis de equacionar; terem, aliás, muito pouco de argumento e muito mais de ideia basilar, que existe com uma autonomia vital, como uma espécie de centelha auto-inflamada. nos porquês e porque nãos dos amores, será um grande desafio comunicar a razão mais verdadeira.

sexta-feira, julho 17, 2009

nas pausas do trabalho, a tentar conhecer e compreender este senhor.

há o vício biografista de colar as músicas partilhadas às páginas pessoais de quem a escolhe. as razões que presidem à busca de uma faixa musical são tão amplas que é melhor não se tirarem grandes conclusões sobre o assunto.

quinta-feira, julho 16, 2009

cesário verde em faria guimarães

há uma hora atrás, ao apanhar o metro em faria guimarães, de regresso a casa, uma funcionária de bata azul limpava o chão da estação. a esfregona fazia um ângulo cansado com o chão, mas o semblante da mulher irradiava frescura, em consonância com o aroma do produto de limpeza aplicado. quis-lhe agradecer o trabalho e o agrado de passar por ali àquela hora, com uma atmosfera tão leve. enquanto processava interiormente tudo isto, fui andando e quando poderia ter vindo a resolução de consumar o gesto, já estava nas máquinas de validação. olhei para trás a largos metros de distância e sorri, antes de descer as escadas. o piso de baixo também já devia ter sido limpo.

terça-feira, julho 14, 2009

do didgeridoo

no sábado, inesperadamente, tive a oportunidade de aprender a produzir os cinco sons básicos. a primeira vez que ouvi um sopro do dito foi numa qualquer faixa dos blasted mechanism, dos tempos em que o meu irmão ainda morava cá em casa e amplificava a música para todos os cantos. nem sequer gostava muito desse álbum, mas não fiquei indiferente àquele som. se tiverem alguma reserva, dada a atmosfera tribal que o canudinho inspira, não deixem que isso vos iniba de experimentar soprar. a vitalidade que se gera no corpo ao conjugar lábios, bochechas, língua, cordas vocais e pulmões é única. desvela-se um reduto de energia alojado no tórax. depois, é curioso avaliar a diferença de projecção e qualidade de som, de acordo com a postura dos ombros, e transpor essa constatação para o sopro de palavras que operamos constantemente. experimentem, por favor, se puderem.
os pássaros
é a segunda vez que o sinto. a primeira foi na rotunda da boavista, a seguir à artéria da avenida de frança. a segunda foi hoje, na zona da cordoaria. pombas a rasar, numa espécie de intimidade agressiva, o meu rosto. um voo afiado, tresloucado, mas alinhado num vector recto. são os bichos que andam transtornados ou serei eu que ando com propriedades que atraem o fenómeno? outra hipótese é ser um apelo cósmico a que veja os pássaros, do senhor que todos sabemos. vou tomá-la como relevante.

eu sei: passo de didgeridoo para saxofone, como quem mude de roupa interior. mas o meu espírito anda mesmo assim. errático. hoje já tenho tempo para escrever, mas estou averbálica. tenho a retina entupida de ter estado a trabalhar até tarde e dormido pouco. voltarei com um mais de clareza e com mais horas de sono, de preferência. um dia bom para todos.

segunda-feira, julho 13, 2009

didgeridoo



noutro dia explico. agora vou voltar ao trabalho. este verão está a ser útil e laboral, face ao crescendo de tarefas.

sexta-feira, julho 10, 2009

sentença vinda sei lá donde

a certeza não se absorve por ires molhar os pezinhos...
se a queres, mergulha.

quinta-feira, julho 09, 2009

a irritabilidade aguça o engenho

passei o dia todo em debate auditivo com o ruído das obras na rua. ter de trabalhar à janela de uma convulsão de paralelos e martelos pneumáticos estava a tornar-se uma prova iniciática... se não os podes vencer, junta-te a eles. não é o que reza o ditado? assim foi. tentei incorporar todo o impulso gerador do trabalho do exterior, procurando absorver apenas a essência energética da actividade, desligada da sua qualidade acústica, para depois a incorporar em mim, sob a forma de força para o meu próprio trabalho. acreditem ou não, depois de uma hora de treino, até o barulho dos carros se tornou harmonizável com o concerto dado por todas as operações braçais do exterior. veremos se amanhã o método continua operacional.

segunda-feira, julho 06, 2009

grau 0
hoje acordei com um abraço sem rosto, sem textura, sem temperatura, sem odor identitário. mas era um abraço. e apertava, como os de quem nos ama. trago a sensação em análise, sob escuta e tacteamento. algum arquétipo me quis visitar. ou o meu espírito a ele. não sei.

sexta-feira, julho 03, 2009

senti algo muito semelhante a isto há uns anos, mas um pouco mais cedo, no meio das brechas que rachavam o céu a púrpura, numa madrugada de trovoada.
da minha agenda

quando é que compras um rolo para a máquina fotográfica?

quando é que fazes a triagem dos papéis da secretária («auch!»)?

quando é que acabas de ler aquela revista e a devolves aos vizinhos?

quando é que vais saldar o teu copo com o l. e a g.?

quando é que tens aquela conversa sobre aquele assunto (e quando te preparas, sabes que tens de ler aquilo antes, não sabes?) ?

quando é que organizas a tal reunião com eles?

quando é que lhes mandas o tal e-mail?

quando é que vais procurar o filme?

quinta-feira, julho 02, 2009

O meu padrasto (a quem chamarei aqui pai, pois foi ele que me educou) era alfaiate. Tinha uma alma profunda, um espírito verdadeiramente mensageiro. Por vezes, dizia, sorrindo, que a traição dos clérigos principiara no dia em que um deles representou um anjo com asas: é com as mãos que se sobe ao céu.

in O despertar dos Mágicos Louis Pauwels, Jacques Bergier