quinta-feira, maio 31, 2007

já saí atrasada, o meu telemóvel sofreu outro arremesso quando me despertou a horas devidas. tive de fazer uma paragem no pomar que fica a caminho do metro para tomar o pequeno almoço. entre o odor a fruta e a legumes que os caixotes meticulosamente dispostos não conseguiam arrumar, a melodia da velhinha perfect day, do lou reed.

quarta-feira, maio 30, 2007

stuart a. staples & lhasa-that leaving feeling

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domingo, maio 27, 2007

o reconhecimento

hoje, lia salteadamente a Bíblia e ancorei nesta passagem, que me reacendeu uma questão de sempre. um mote provocatório.



Um rei reinará de acordo com a justiça,

os seus príncipes governarão de acordo com o direito.


isaías - 32,1





percebe-se uma diferença, uma hierarquia entre justiça e direito, tal como rei e príncipe são nivelados. o direito será uma compilação descriminada de artigos ditados pela justiça, o que equivale a dizer ditados pelo rei; ou ditados superiormente ao rei, mas enunciados e geridos por ele. que rei poderá ter uma relação de identidade fusional com a justiça? acabo sempre por desembocar em Deus, porém o que está em causa é o plano terreno; teria de pensar numa presença humana mediadora, ainda que superiormente inspirada, com uma centelha divina na nascente do discernimento e, ainda assim, coloca-se o problema do reconhecimento de legitimidade, da reverência funcional, da evidência do sistema.


o problema do critério em nome do qual o primeiro rei foi rei.

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andalucia - pink martini

>rapinar

sábado, maio 26, 2007

pretérito-perfeito

impressionou-me a manutenção do pormenor. disfarcei a comoção, procurando olhar para o vazio por uns segundos. a camisa era uma das minhas favoritas: não a azul, que eu própria ofereci (será que ainda a usa?), mas aqueloutra, mais antiga. o ângulo de sobreposição da camisola sobre o ombro era o mesmo, enviesado como uma espécie de pano útil. tentei coordenar os ecos internos com a atenção às perguntas que a coincidência impôs. já no comboio, relembrava todas as sílabas, todos os recortes da barba em torno dos lábios, tudo. tudo para chegar a esta conclusão: em mim, a única manutenção era a armação dos óculos - as lentes já subiram as dioptrias - e mesmo essa casual, por ter acordado tarde e não ter tido tempo de pôr as lentes. o Porto esperava-me, a 300 km do Oriente e o meu cigarro chegava ao fim. justamente no dia em que deslizou para sul, vim eu rever o meu querido burgo a norte. no comboio, sorria, escondida atrás do tchekov em saldo da véspera. a comoção continuava, mas o estranhamento era gradualmente enfraquecido pela inexorável marcha do tempo, lembrada pelo trepidar do comboio, de rota pontiagudz. a quantos Km, o passado? no pretérito-perfeito. e esta evidência não é longínqua, não é próxima, é perfecta, na justa e rigorosa acepção: feita completamente, absolutamente acabada. as maiores lições, bombeia-as o coração. até as de gramática.

sexta-feira, maio 25, 2007


pombo de rapina




quinta-feira, maio 24, 2007

a dúvida escama. a dúvida esculpe. a dúvida escama. a dúvida esculpe.

escrevia no vidro da janela.

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segunda-feira, maio 21, 2007

o espelho às vezes quer ser baço

frágil e forte também podem passear.
é que só frágil-frágil ou só forte-forte tem um efeito reflector muito forte e a retina é frágil.

sábado, maio 19, 2007


dois ou mais dentro do 1


o acordeão da linha verde

dou-te €1,35 e vens comigo à camioneta


começa a tornar-se um clássico: seja no metro, - sobretudo no metro- seja à superfície, a loucura emerge de todos os ângulos de alvalade. eu, que por lá passo para aceder a um quadrado de Luz, onde gosto de acender o espiríto, pergunto-me se não deveria ter um papel mais de carne e menos de papel, já que eles me abordam e aparecem no caminho. e o Júlio de Matos a recortar o passeio com as paredes cor-de-rosa, a lembrar que há casas assim no meio da urbanidade equilibrada - ou dissimulada - da avenida do brasil. como se toma um café com um deles?

quarta-feira, maio 16, 2007

magistraturas

- deve ser o exercício mais difícil: não julgar.

- mas julgar também pode ser melindroso.

- mas sem julgar não se consegue arrumar a casa ao mundo.


em que ficamos?
- separar, dispor pelo contorno, mas nada de sentenças perpétuas, que o universo é dinâmico.
ou assim o julgas...

sábado, maio 12, 2007

David Fried

com pulsação>>>aqui
can . eeiro
.
.
d
pen er,
como o candeeiro:
ver o tudo de tudo,
do tecto de tudo,
mas

não posso.

já me disse que
não posso.
porque é que insisto?

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estava-me a parecer uma sopa de vagens. chegava cá e o amarelo abafava-me. fez sentido quando inaugurei o blog, agora não. antes de pintar as paredes, estive para comprar umas sapatilhas com estas cores e, de seguida, andei pela papelaria fernandes a cruzar cartolinas. quando cá cheguei, deu nisto! mesmo que não gostem, continuam a ser bem-vindos.

quinta-feira, maio 10, 2007


é incrível como a banalização esvazia as construções de poeticidade: quem demora mais na boca e no espírito a enunciação espaço de tempo, para saborear esta justaposição que, a rigor, só os lábios constroem? algum entendido há-de resumir tudo ao movimento. tudo bem, mas quero apenas expor a questão de modo linear. há dias vim ter aqui, quando me disseram que algo não soava bem à vista e eu corei de satisfação estética. contaram-me, a propósito, que há uma criatura - e criatura de muitas letras - que se agasta com o uso de espaço de tempo. por não ser correcto. cuidado, cuidado...
audições matinais, no deslize subterrâneo
a música que me fez sorrir hoje, logo pela manhã.







JP Simões
O vestido vermelho


[agradecimentos: podbean & flyupload] mais aqui aqui

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quarta-feira, maio 09, 2007

conversa no vão da escada

QUASE: se eu fosse como tu, o sentido dos dias faria demasiado sentido. acordar seria no fundo o prolongamento do bocejo inaugural, apenas com a diferença dos olhos abertos e da verticalidade, se é que a vontade de me erguer fosse assim tão grande.

TUDO: maçarico...

sábado, maio 05, 2007


La Creazione dell'uomo (part)
Michelangelo (1475-1564)


Nenhum homem é uma ilha, disse John Donne, mas atrevo-me humildemente a acrescentar: nenhum homem e nenhuma mulher é uma ilha, mas cada um de nós é uma península, com uma metade unida à terra firme e a outra a olhar para o oceano - uma metade ligada à família, aos amigos, à cultura, ao sexo e à linguagem e a muitas outras coisas, e a outra metade a desejar que a deixem sozinha a contemplar o oceano. (...) Sentido de humor, a capacidade de imaginar o outro, a capacidade de reconhecer a capacidade peninsular que existe em cada um de nós, pode pelo menos constituir uma defesa parcial contra o gene fanático que todos temos dentro de nós.

Amos Oz Da natureza do fanatismo
Confª de 23 de Janeiro de 2002

sexta-feira, maio 04, 2007

máxima

aproximou-se tanto do disco de fogo do fogão para acender um cigarro que descolorou algumas unidades das sobrancelhas. quem não tem isqueiro, não fuma.

quinta-feira, maio 03, 2007

lugares >>destes

quarta-feira, maio 02, 2007

projector

nos momentos de pausa, de aparente inacção, as imagens e ecos que se tornam mais fortes e atravessam as paredes do nosso espírito, para passear dentro de nós, vêm exactamente de onde? não falo da insistência de certos slides passados, que persistem em continuar na fila de espera de projecção para aparecerem, para aparecerem, para aperecerem. sabemos bem de onde vem essa matéria e até nos entretemos a julgar, ou culpar, ou absolver, ou. horas mal resolvidas. é um clássico. não falo, tão pouco, da reacção às mensagens do redor público, que não se endereçam a ninguém, ao o serem para todos. penso, aqui, em chegadas sem projector. de onde?
título tão pretensioso quanto rídiculo que acaba por não ser nem um bom título, nem uma fuga de título para texto. preguiça.
pretensão.
desinspiração.

cumpre-se o título.

terça-feira, maio 01, 2007







jeanne moreau

La vie de Cocagne

[agradecimentos: PodBean & Flyupload]

a desempoeirar o meu francês franciscano...

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