segunda-feira, janeiro 31, 2011

XXX


sexta-feira, janeiro 28, 2011

a uns dias de fazer 30 anos, tenho a sensação de me preparar para a chegada de um meteorito bom. deve ser da idade.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

fragmentos

- então, como seria a obra de arte digna desse título?
-um ponto de intersecção entre a luz e a sombra: nem um império de negrume, nem um ofuscar com claridade.
- dessa síntese, parece, porém que dá primazia à dimensão luminosa da existência... onde está, afinal, a intersecção, a reunião de polaridades?
- a primazia não é dada à claridade em bruto ou à luz que não desceu antes ao abismo; a tónica está na regeneração. é uma questão totalmente diferente do que menciona.
- sob a capa desse conceito de regeneração, não haverá o perigo de que se caia num happy end bacoco e domingueiro?
- a finalização só saberá a fruto forçado se não se lhe souber dar consistência.
- e como é que se dá essa consistência?
- é aí que reside a genialidade do criador. entrando neste domínio, seria, porventura, possível fazer uma descrição mais ou menos seca e desinfectada, com procedimentos a adoptar para a finalização de uma sequência, mas as traves essenciais da resposta não seriam dadas, porque pertencem a um reino infável, apenas exprimível pela operacionalização propriamente dita.

terça-feira, janeiro 11, 2011

seja bem-vindo, senhor agora
começou nos últimos meses do ano velho e creio já se torno numa das minhas companhias de viagem: o conceito de agora. agora, independetemente de condicionantes passadas e de projecções futuras. o agora. é difícil suspender a retaguarda e o devir temporais para apreender plenamente a questão. não sei muito bem se e quando o conseguirei, em todo o caso, é uma companhia distinta. seja bem-vindo, senhor agora.

quinta-feira, janeiro 06, 2011

pós-guerras

A crise militar acabou, talvez; divisa-se a crise económica em toda a sua pujança. Mas a crise intelectual, mais subtil, e que, pela sua própria natureza, reveste as mais enganadoras aparências (pois passa-se no próprio reino da dissimulação), essa crise dificilmente deixa discernir o seu verdadeiro momento, a sua fase.
Ninguém poderá dizer o que estará manhã vivo ou morto em literatura, em filosofia, em estética; ninguém sabe ainda que ideias e que modos de expressão hão-de inscrever-se na lista das perdas, que novidades serão proclamadas. (…)
Os factos, no entanto, são claros e impiedosos: há milhares de jovens escritores e de jovens artistas que morreram, há a perdida ilusão duma cultura europeia e a evidência da capacidade do conhecimento para salvar o que quer que seja; há a ciência mortalmente atingida nas suas aspirações morais, e como que desonrada pela crueldade das suas aplicações (…). A oscilação do navio foi tão forte que mesmo as luzes mais firmemente seguras acabam finalmente por dar consigo em terra.

Paul Valéry (poeta e ensaísta francês, 1871-1945), La Crise de L’Esprit, 1919

domingo, janeiro 02, 2011