quinta-feira, outubro 30, 2008

saber a sangue

ponto prévio: prometo que será o último post dedicado ao meu dente, ou melhor, à sua extracção.
a sutura ponteada pelo dentista ainda está em fase de cicatrização. só para a semana se me desalinhavará a gengiva. ao longo do dia, sobretudo se me rir confortavelmente, esquecendo-me da cratera sulcada pela ausência do dente, há ínfimas gotículas de sangue que se entornam pela boca. não me dói mais a gengiva, nem sinto propriamente o fluir de um líquido invasor, é o sabor a sangue que se instala de forma inequívoca. o líquido que nos atravessa as veias, heras que nos rodeiam o corpo, de interno e invísivel, passa a externo e degustável. se conseguissemos perceber mais uma parte do segredo por experimentarmos o sabor. se com as pequenas gotas viesse um pouco de espírito por fora, para podermos saborear o humano.
seria um desincentivo a que o sangue continuasse a correr e a ser expelido pelo coração, o desvendar da chave. o cair do pano. vou é passar a boca por água, porque quero o sabor a humano, mas o mistério também.