terça-feira, junho 30, 2009

há algum tempo que não ouvia o nocturno que postei abaixo. não sei descrever o que sinto entre o segundo 23º e o 39º.

segunda-feira, junho 29, 2009

Zertifikat Deutsch

ter feito o exame dar-me-á um certificado de papel. é fácil tomar consciência do grau incipiente do meu alemão, apesar do diploma. a difrença da gramática. o vocabulário que foge. toda a experiência do alheio ao normal processamento da comunicação devolve-me essa noção de principiante de um modo muito objectivo. com as outras coisas não será muito diferente; a ilusão da familiaridade linguística (é em português que penso) só mascara a fragilidade da aproximação que faço ao miolo das matérias.

tentar incorporar o conceito de saudade no fumo de um cigarro. inalação. debate na boca. expulsão para a tela maior da noite. convém entender bem que a expulsão não é uma erradicação. será mera transferência da boca e do pulmão para o redor exterior. é verdade que sem treinos destes o coração fica lasso. enruga com o alcance imediato. é verdade. nada de medos. é verdade.

sexta-feira, junho 26, 2009

não sei muito bem como assinalar a notícia. sei que tinha. marcou o meu universo musical entre os 10-12 anos de forma ímpar. valeu-me um susto tremendo, quando ainda tinha idade para ser aconchegada ao colo (tal como fui removida da sala e da frente da tv) e resolvi ver o épico thriller com os meus irmãos. vários anos mais tarde, levou-me a tentar moonwalkar no chão dos pavilhões de educação físca da escola preparatória (lembro-me tão bem das sapatilhas com que tentava fazer isto) e enraizou-se na minha memória coreográfica como ninguém. apesar da total desidentificação que se foi operando em mim com o correr da idade, nunca deixei de dar um ouvido especial às músicas mais antigas. há uns meses, enquanto conduzia e ouvia rádio no esquema aleatório do costume, apanhei o mítico we are the world e ainda me lembro de sentir como a música ganhava no momento em que a voz dele, à altura, entrava. neste momento, gostava de ter o off the wall por perto, mas o cd era da minha irmã e já não está cá em casa. isso traduz bem a minha ligação a michael jackson, deixou-me memórias singulares a ecoar pela casa, mas já não me habitava há muito tempo.

quinta-feira, junho 25, 2009

sou muito amiga dessa pergunta. a resposta vai confiando em mim aos poucos, por dentro dos anos.

segunda-feira, junho 22, 2009

tal como nas verdadeiras amizades, dizia alguém

deixar que a cumplicidade entrelace, gradualmente, os espíritos até se chegar a um conhecimento mais profundo. sempre maior. por estar sempre em expansão. por ser elástico. a aproximação ao cerne de algumas questões, pode ser comparável ao travar de uma amizade com a resposta procurada, com a obtenção de um pixel de verdade. entre dúvida e resposta pode haver um abraço deste tipo. devagar.

quinta-feira, junho 18, 2009

dedico este vídeo aos vendedores da Cais, especialmente àquele da linha verde, do metro de lisboa.

terça-feira, junho 16, 2009

depilação
vou depilar as sobrancelhas dessa certeza e logo verei se encontro algum poro ou milímetro de pele que a infirme.

segunda-feira, junho 15, 2009

abaixo da manhã
nunca fui particularmente sensível a textos, fotos ou pinturas de pardais. desde que o pequeno arbusto que cresce abaixo da janela do meu quarto quer tomar proporções adultas, de árvore, consigo ver os bichos de perto, por uns segundos, até se assustarem com os primeiros barulhos da janela a correr e esvoaçarem. o gorjeio, à distância de apenas uma folha de vidro, também soa muito diferente, definido e pouco difuso entre o ruído urbano. com o passar dos dias, comecei a desejar afagá-los, dar-lhes pedaços de pão à mão ou olhá-los, simplesmente, durante mais tempo, sem fugas. a tela logo abaixo da primeira manhã, logo abaixo da primeira visão ao despertar e receber a luz.

sexta-feira, junho 12, 2009

qual é o pente que te penteia?








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quinta-feira, junho 11, 2009


mas não menor é o drama do zoomorfismo não manifesto e sensorialmente invisível, enjaulado no íntimo. atrás dos nossos dentes, ameias de osso, que cooperam com a articulação da fala no castelo da boca. lá atrás e mais abaixo - socorro-me da geografia arquetípica do coração, como calculam, por conveniência, porque o espírito há-de envolver-nos por inteiro, há-de ser dente materializado, como fragmento de ser. não merece predicado específico ou metáfora plástica muito definida: é-nos.

domingo, junho 07, 2009

história da língua portuguesa
de onde veio esta pirosada do portuguesas e portugueses, cidadãs e cidadãos, homens e mulheres, etc. para pórtico dos discursos políticos?

sábado, junho 06, 2009





















hoje, bebia uma carlsberg com pitágoras, em cima de um telhado, com os pés a bambolear contra o ar, sobranceiros à cidade. gostava de ouvir os números que tivesse para contar. como lamento (agora, aos 28) não ter estudado mais matemática.

sexta-feira, junho 05, 2009

a propósito do post uns andares abaixo
mesmo que eu escolha o semblante de alguém com quem não simpatize muito, ou, se radicalizar, visualizando o rosto de algum dos carniceiros que ficaram na história, o teste dá o mesmo resultado: o esgar que um ser humano faz para proteger o olhar do sol, o que pode incluir a ajuda de uma das mãos, devolve ao rosto toda a fragilidade original, o efeito aproxima-se da expressão de um bebé ou de um menino indefeso. em contraluz, todos parecemos dignos de colo.

quinta-feira, junho 04, 2009


quarta-feira, junho 03, 2009

rua 31 de janeiro
digitou o preço com a unhaça do dedo mindinho direito, ao som do faduncho que soava na loja, o que me obrigou a improvisar uma tosse de verão para disfarçar o riso. olhou-me de cima a baixo, com vibração de vendedor profissional, não de descaro libidinoso. olhou uns segundos para os pés e ajeitou a tira da fivela, abaixando-se até ao chão. ora veja lá se não fica mais elegante assim. durante os primeiros tempos, este cheirinho a couro vai irradiar das sandálias enquanto estiver sentada. eu sei que falta o esgar do Homem face à incidência do sol, mas hoje era isto que tinha de ser registado.

segunda-feira, junho 01, 2009

hoje, ao subir a rua pinto de aguiar, com o sol a incidir, inclemente, nos olhos, ocorreu-me a velha impressão que tenho quando vejo o esgar facial, eventualmente acompanhado de uma das mãos, pala de bolso, que fazemos para nos protegermos da intrusão do sol nos olhos. noutro dia, descreverei em pormenor o que sinto - sinto desde sempre, mas, misteriosamente, só hoje emergiu o apelo íntimo da partilha -, antes, porém, pergunto se alguém tem uma foto, pintura, um desenho para me sugerir. queria para ilustrar o cenário, e do meu magro arquivo não consta nada que se ajuste. sugestões e gentilezas são bem-vindas à minha caixa de correio:)