sexta-feira, outubro 31, 2008
quinta-feira, outubro 30, 2008
ponto prévio: prometo que será o último post dedicado ao meu dente, ou melhor, à sua extracção.
quarta-feira, outubro 29, 2008
terça-feira, outubro 28, 2008
segunda-feira, outubro 27, 2008
sábado, outubro 25, 2008
sexta-feira, outubro 24, 2008
quinta-feira, outubro 23, 2008
terça-feira, outubro 21, 2008
Fernando Pessoa, numa carta a Mário de Sá-Carneiro (não sei precisar a data, porque extraio a pergunta, de memória, do filme Conversa Acabada, de João Botelho)
segunda-feira, outubro 20, 2008
domingo, outubro 19, 2008
para a minha, pelo episódio de ontem na cozinha
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No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se
pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e órgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas sentam-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens,
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo. São
silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares
da chuva,
em volta das candeias. No contínuo
escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas
que os filhos criam, porque se colocam
na combustão dos filhos, porque
os filhos estão como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles, como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
e na agudeza de toda a sua vida.
E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
e através dele a mãe a mexe aqui e ali,
nas chávenas e nos garfos.
E através da mãe o filho pensa
que nenhuma morte é possível e as águas
estão ligadas entre si
por meio da mão dele que toca a cara louca
da mãe que toca a mão pressentida do filho.
E por dentro do amor, até somente ser possível
amar tudo,
e ser possível tudo ser reencontrado por dentro do amor.
poema de Herberto Helder (Poesia Toda; Fonte II) musicado na edição "os poetas" entre nós e as palavras, projecto de Rodrigo Leão, Gabriel Gomes e Manuel Hermínio Monteiro, 1997. voz do poeta [é possível que, inicialmente, o download demore um pouco]
sábado, outubro 18, 2008
De início, para mim, Conversa Acabada deveria ser um quadro negro com a voz em «off». Mas com uma hora e quarenta assim, todos os espectadores sairiam da sala. A ideia era dar a máxima importância aos textos, mas aos textos no ecrã negro (...) Mas sei que se as pessoas não forem atraídas por alguma coisa, não ficam para ver o filme, neste caso para ouvi-lo.
João Botelho
não sendo eu grande conhecedora ou apreciadora de João César Monteiro, há uns anos atrás lembro-me de me ter sentido entusiasmada pela ideia de ouver o famigerado Branca de Neve. sei que outras questões, que não as da concepção original, terão motivado o negro dessa tela, mas não me interessa discuti-las aqui, importa-me o conceito final. hoje fiquei a saber que João Botelho já havia pensado, de raiz, no mesmo. já ele achou por bem destapar a câmara.
sexta-feira, outubro 17, 2008
Etiquetas: Teometria
quarta-feira, outubro 15, 2008
Como disse, tinham uma forma esférica e deslocavam-se circularmente, de acordo com a sua origem; daí derivam também a sua força terrível e o seu vigor. Tendo então concebido soberbos pensamentos, empreenderam contra os deuses o que diz Homero de Efialtes e Otos, que estes empreenderam subir até ao céu para atacar os divinos. Então, Zeus e os outros deuses deliberaram sobre o castigo a infligir-lhes e não sabiam que fazer: não havia meio de os matar, como aos gigantes, de os fulminar e aniquilar a sua raça —seria suprimir os homens e o culto que os homens lhes prestam—, nem de tolerar a sua insolência. Depois de uma penosa meditação, Júpiter dá finalmente a sua opinião:
“Creio que há um meio para que continue a haver homens e para que, tornados menos fortes, estes fiquem libertos do seu desrespeito; vou cortar cada um deles em dois, ficarão mais fracos e, ao mesmo tempo, aumentando o seu número, ser-nos-ão mais úteis; dois membros bastar-lhes-ão para caminhar; e, se reincidirem na impudência cortá-los-ei de novo em dois, de modo que terão de andar a pé-coxinho”
Assim dito, assim feito: Zeus cortou os homens em dois, como se corta a sorva para a fazer secar ou o ovo cozido com um cabelo. Cada um assim dividido, ordenou a Apoio que lhe voltasse o rosto e a metade do pescoço para o lado do corte, a fim de que ao ver-se assim cortado o homem assumisse o sentido das proporções; quanto ao resto, que o curasse! Apolo voltou então o rosto e puxou de todos os lados o que se chama agora o ventre, apertou como com o cordão de uma bolsa em redor da única abertura que restava e foi o que agora se chama o umbigo. Quanto às pregas formadas apagou-as na maior parte, modelou o peito com um instrumento bastante semelhante ao que usam os sapateiros para alisar os couros na forma, mas deixou algumas pregas no ventre, em volta do umbigo, destinadas a lembrar-lhe o que sofrera na origem.
segunda-feira, outubro 13, 2008
domingo, outubro 12, 2008
sábado, outubro 11, 2008
tenho de escrever qualquer coisa sobre o dourado dos fins de tarde do Porto; aquele ponto de passagem no marquês está sempre a pedi-las!
sexta-feira, outubro 10, 2008
quinta-feira, outubro 09, 2008
Enquanto que toda a história enaltece o herói, aquele que vence, o NON põe acento noutro ponto, que é o da dádiva. Não é o da conquista, mas é o da dádiva.
uma tentativa de digitalização do barquinho de papel que fiz com a folha de sala. o staff de acolhimento sorriu-me, quando recusei nova entrega de informação, já à entrada do auditório, abanando o barquinho de papel: já tenho! não lhes exliquei, devolvendo apenas um sorriso, mas não faço barquinhos para amarfanhar informação, pelo contrário. palavras prévias do decano, que ontem lá estava, vindo do méxico: o filme não é contra Portugal, mas uma reflexão sobre a Guerra, explicava. a paisagem de asfalto da VCI, sobretudo à noite, é entediante. valha-nos a música dentro do carro. e ontem a meia-lua, como um olho a velar o trânsito entre o breu do céu.
[1] Padre António Vieira
quarta-feira, outubro 08, 2008
sexta-feira, outubro 03, 2008
quarta-feira, outubro 01, 2008
"Actually," I said, "I'm dying for a beer right now."
As soon as those words came out of my mouth, I wished I could pull them back in. I was mortified that I had answered this sincere question with such a flippant response. I was also surprised, because I didn't even like beer. At least I never had before. But the craving I felt at that moment was specifically for the taste of beer. For some bizarre reason, I was convinced that nothing else in the world could quench my thirst.
That evening, after the reporters had left, an odd notion occured to me: maybe the donor of my new organs, this young man from Maine, had been a beer drinker (...)
Was it me, or was it my heart?