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domingo, junho 01, 2008
sexta-feira, maio 16, 2008
a digestão do filme ainda em competição com a digestão do jantar. ocorre-me perguntar como sentirá um oriental o quid gótico, entendido a partir do ponto de vista ocidental. não tenho o tronco caligrafado a sânscrito, mas já tenho o corpo adormecido pela noite. por ora, retiro-me. continuarei a pensar.
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segunda-feira, abril 14, 2008

Yasujiro Ozu
sem net. ainda. a saga continua. nunca como na última semana vigiei os movimentos em torno do poste telefónico da rua com tanta atenção... passo aqui apenas para registar um momento alto da passada sexta-feira, no cine-estúdio do campo alegre.
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segunda-feira, março 03, 2008
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terça-feira, fevereiro 05, 2008
pouco ou nada senti de histriónico. o cómico de situação instala-se de modo a dar lugar tanto a riso como a desconforto. não há acutilância. mas há acutilância. porque o há na matéria. para já, esquivo-me à etiqueta tragicómica por não me sentir muito à vontade com ela. os carris dos afectos, sejam eles em torno da família, dos amigos, dos amores-amores, passam invariavelmente pelos espaços apertados dos corredores deste comboio. as viagens em que embarcamos, por oposição às fugas e projectos que declinamos, sejamos ou não perdoados por isso, perdoemos ou não o facto, reproduzamos ou não alguns dos erros que implacavelmente queremos imputar ao outro. a orientação - ainda bem - pela estética do destrambelhado, sugere muito mais do que revela. fica-me, por exemplo, o pequeno almoço do virar de costas absoluto da mãe por digerir. é terrível, sem que assim o seja na tela. hei-de conseguir ser mais organizada e detalhada ao pensar no filme, entretanto, se puderem, apanhem este comboio.
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quinta-feira, janeiro 17, 2008

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domingo, janeiro 13, 2008
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terça-feira, novembro 20, 2007
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domingo, novembro 11, 2007

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domingo, outubro 28, 2007

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quarta-feira, julho 11, 2007

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domingo, julho 01, 2007

Jean Renoir
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quinta-feira, junho 07, 2007

1903-1963 - Japão
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sexta-feira, abril 06, 2007

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quarta-feira, março 21, 2007
segunda-feira, março 05, 2007

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quarta-feira, fevereiro 28, 2007

vi finalmente a sua fita. esta minha dificuldade na escolha da categoria não é sinal de nada para além da dificuldade em si. a fuga ao vaso formal, a descontinuidade e abertura da sua gramática não me aborreceram. já mandei todas as demolições da crítica para a reciclagem ou para o cantinho de jornais para limpar vidros. e por falar em gramática: com que então os monges acentuavam o antifonário! bem sei que cantavam, mas quando me lembro que na faculdade saber a métrica latina ainda era passaporte de exame: sílaba breve, sílaba longa... a sala estava cheia; eu que fazia planos de me assenhorear de pelo menos três cadeiras – pernas [centro], braços [lateral dir/esq], mochila [lateral dir/esq] – quase que levava com o rabo de um senhor que passava na cara. pois é, minha menina, o nimas devia ter aqui um caminho central para a malta passar à vontade... fiquei mesmo no centro, com a mochila ao colo. sabia desde o início que me ia comover. enquanto comprava o bilhete e fumava o cigarro de aquecimento, conseguia ouvir o canto gregoriano da sessão precedente, distante, coado pelas paredes do auditório. logo aí senti os poros a fechar. ando há uns dias a pensar no conceito que une tudo que senti ao ver as filmagens. recorte parece-me o mais cabal: os recortes de luz na escuridão dos claustros, o pavio de uma vela a recortar uma elipse de fogo na escuridão, o branco dos hábitos a recortar corpos no espaço, o próprio tecido a ser recortado pelo monge alfaiate – os passos incisivo da tesoura contra o silêncio – o corte de cabelo a recortar formas prévias na nuca, o recorte de um perfil sentado no fundo vermelho da porta exterior de madeira.

tento muitas vezes tirar fotografias no ângulo que insistiu em exibir: um zoom à linha da orelha e do olho, ou um recorte apenas da nuca e das sua covinhas a começar a desenhar o pescoço. é raro ser bem sucedida nesta categoria. talvez não lhe perdoe o timing de inclusão do Sou Aquele que É entre as cenas finais e não no final. esta tinha mesmo de vir no final, mas não o chateio mais com isso, até a passada sexta, só conhecia a tradução Sou Aquele que Sou, infinitamente mais pobre. fiquei com dúvidas se o enfoque que deu à gratidão e placidez do monge cego perante tudo lhe adveio de um espanto positivo ou negativo. tenho um amigo japonês que explica o mesmo, com base em cíclicas idas e vindas do espírito. em que pensou enquanto o ouvia e filmava? estou ainda demasiado imbuída pelo espírito descontínuo da sua montagem e as imagens estão desorganizadas. também me apetecia falar da cena dos gatos e do deslize na neve: as únicas que fizeram rir a plateia. não... minto. naquela em que o não cumprimento de um preceito é desvalorizado já que o que se faz ali dentro não serve para nada, também houve risos. a neve e o barulho da água da torneira em precipício para o balde, mas não há meio de me organizar e não quero deixar passar mais tempo sobre o que vi. fico por aqui.
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terça-feira, novembro 21, 2006
profetizo não ter oportunidade de ver este programa, mas deixo a dica, com alguns fragmentos das últimas horas de cinema.
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domingo, novembro 19, 2006

quando a criada espreita pela fechadura já o filme vai a mais de metade.
o morto que afinal não tinha morrido já havia confessado o seu passeio por identidade alheia – a do seu irmão gémeo – que, com a sua presença revelada, sempre tangível, sempre possível, inevitavelmente real, consegue ressuscitar a memória ida, passada, intangível, perdida, impossível-naquele-presente do falecido segundo marido daquela que nunca deixara de ser sua mulher.
mais um manoel de oliveira.
manUel, este, já que por duas vezes assim aparece na ficha técnica introdutória. em 71 ainda não se tinha convertido à diferença de manOel.
vicente sanches: nome do pai da peça com o mesmo nome do filme: O Passado e o Presente. não soa com muita força, mas baptiza duas horas sui generis. alvo número um: o casamento? também. talvez mais como ponto de partida para reflectir sobre algo mais amplo: a fixação pelo inalcançável, pela opção que se perdeu e já não se tem, a idealização do amor levada ao extremo da anulação de uma qualquer possibilidade táctil. não sei. arrancou-me risos nas cenas do jardineiro, elemento fulcral para não fazer da – em todos os sentidos - saída de cena do segundo marido uma banalidade. não vale a pena mencionar a erupção altissonante da marcha nupcial fora de horas em mais do que uma cena, só ouvendo. quando ela contemplava fotografias do suposto falecido marido, humilhando absolutamente o marido com quem se casara pela segunda vez, o ridículo era tão cortante que nem consegui ficar com as papilas amargas, nem me conseguia rir. isto, o tom tragicómico, é difícil de modelar e infundir no público. o filme, a meu ver, vale, em muito, por isso.
quando a criada espreita pela fechadura, já o filme vai a mais de meio.
dentro do quarto, ela desembrulha uma encomenda que alguém vem entregar a sua casa: o novo retrato da sala de entrada.
e é claro que já se sabia quem lá se estava encaixilhado...
qualquer dúvida, vejam o filme.
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domingo, novembro 05, 2006
foi o que paguei pelo primeiro cone invertido do ano.
castanhas assadas na rua. apenas 12 pelos idos 400$00… mas é inumano domar as narinas contra a nuvem hipnótica que impregna o metro do campo grande. há anos que a compra – seja em que paragem for - se repete nos meus fins de tarde outoniços. esta semana pensei a sério no facto de ser uma folha de lista telefónica a servir de suporte à dúzia tão ansiada: apertar o número da senhora e do senhor tal na mão, terem as castanhas, que se ingerem, contacto com uma página dedicada a cabeleireiros, tudo finalizado numa bola de papel amarrotada no cesto mais próximo. já dentro do metro, o cone ia a meio. o cheiro deu direito a alguns olhares de esguelha. ia um cão bebé ao colo do rapaz que estava ao meu lado, tentou dar uma dentada no cone, o que lhe valeu uma porta-chavadas do dono e um sorriso meu.
foi o que paguei pelo Bergman.
Tystnaden (O Silêncio)
Estreia Mundial: Estocolmo, 1963 >> Estreia em Portugal: 1975
explica J. Bénard da Costa na síntese escrita: Se o filme não foi pura e simplesmente proibido (como aconteceu em Portugal) foi mutilado por quase todas as censuras (…) Muito mudou o mundo nestes quarenta anos… Quem virá hoje ver o filme para ver cenas chocantes ou fique chocado com elas?
e realmente, do despudor corporal não me adveio nenhum choque; por um lado, porque não o considero a tónica do filme, por outro, pelo facto de a expressão corporal das cenas que se quiseram mais impróprias me parecer tímida face às cenas que hoje podem merecer carimbos da polémica indecência.
perturbou-me a suspensão constante da resolução da angústia.
em que momentos do filme respirei mais à vontade? no feixe de luz que irrompe na paisagem vista da carruagem da cena introdutória? nos pés descalços de Anna pelo quarto?
único em cena era o olhar e o caminhar de Johan. foi à boleia da desorientação do próprio menino que atravessei o filme. Deus só por ausência existe e são vãs as tentativas de Ester comunicar com os outros (o miúdo, a irmã, o criado, corpos e vozes que sempre se lhe recusam ou não a compreendem) como são vãs as tentativas de Anna. No quarto, esta diz ao desconhecido que escolheu para companheiro de noite: É tão bom que não percebas a minha língua. [J. Bénard da Costa]
fecha o filme uma trilogia da qual não pude acompanhar senão esta última estação, o que não condiciona pouco a minha percepção.
independentemente da questão sequencial, analisando isoladamente o filme, ou nem sequer pensando nele senão como tópico, como pretexto para uma história mais antiga, entre mim e os meus botões, vem-me um sabor que se tornou constante em relação a grande parte da manifestação criativa: a incompletude. oxigenamos muito negrume, mas não deixamos de ser senhores de um contra-negrume conversor. é assim que continuamos a respirar.
artes de abismo sabemo-las de cor: bem escavadas, só por alguns. artes solares sabemo-las de cor: bem irradiadas, só por alguns. Arte dúplice sabem-na os maiores.
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