quinta-feira, janeiro 17, 2008


o cine-estúdio do teatro do campo alegre estava sobreaquecido e sobreocupado, à escala do que é habitual num filme deste senhor.
correu ou não correu pelo seu pé até ao carro numa das cenas? aquela bengalita fora de cena... uma boina para a perna. fica-lhe bem.

não me entusiasmo naturalmente de modo detalhado, como muitos, com as evocações de gesta portuguesa, mas as explicações de um entusiasmado, normalmente, entusiasmam-me. não fui à procura de tese, nem sou particularmente sensível à questão da génese de colombo (ou colon). o nosso realizador recheou os diálogos com dados curiosos: outro zarco, a cuba de fidel e a nossa. o aval geral que a comunidade histórica dá ao livro que serviu de suporte aos dados do filme desconheço qual seja. pelo que testemunhou manoel de oliveira, a sua preocupação não era exibir uma produção de tese histórica, (que é o que também se diz, quando se quer dar recados, sem se ter paciência para despiques académicos) mas apenas a de rememorar os feitos dos descobrimentos. portugueses. a mulher alegórica que acompanhava as personagens pelos recantos: o espírito português? sublinhados: as filmagens com nevoeiro, o sol em sagres, a banda sonora. ao contrário d'o quinto império, por exemplo, com incideência igualmente histórica, aqui o sabor foi quase exclusivamente estético. deslizes para autobiografismos nos diálogos da segunda parte? puxões de orelhas a tutelas culturais? mesmo com algumas reservas em relação a pormenores de representação, não concebo deixar de materializar a minha curiosidade pela obra de um homem destes com a compra de um passaporte na bilheteira.

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6 Comments:

Blogger jorge c. said...

Ainda não fui ver, mas espero ir o mais breve possível. Não é fácil arranjar companhia para este. Em último caso vou sozinho, o que não me agrada nada!

17 janeiro, 2008 14:47  
Blogger icendul said...

não é,não senhor! a ida ao cinema na companhia do eu nunca me incomodou, contudo. nalguns filmes, já faz parte do ritual:)

17 janeiro, 2008 16:21  
Blogger lupuscanissignatus said...

Um grande Sr., este Manoel de Oliveira!

Vale Abraão ficou-me na memória!

17 janeiro, 2008 18:53  
Blogger E. A. said...

:)))
Eu fiquei e fico-me pelo Sol de Sagres.

17 janeiro, 2008 19:38  
Anonymous Anónimo said...

a sala desse cineminha é ligeiramente maior que a minha sala de estar:p

pena que, possivelmente por motivos financeiros o filme não possa ser de época. assim apenas o é no nome e no espírito que recria.

admiro que o manel faça do cinema um culto pessoal, feito como ele quer e entende e não segundo conceitos mercantilistas. fazes parte do círculo do manel : )

João Alv*

17 janeiro, 2008 23:35  
Blogger icendul said...

lupus: o vale abraão anda para ser visto e lido há mto. tenho de fazer esse trabalho de casa!

aveugle.papillon: suspeito que a banda sonora (o que se ouve na tv e na rádio é apenas uma declamação cantada final, não é a música a que me refiro)tb te captaria:)

joão: lol o cine-estúdio é pequeno, mas acolhedor!julgo que o objectivo não era, de facto, fazer uma recriação, mas jogar com o contraponto Portugal de 40 e 2007 face ao do século XV, a rememoração e a ciência revistada. não sei se me posso considerar absolutamente do gang do nosso amigo, porque há aspectos em que a sintonia não existe. sou uma espectadora independente:P

18 janeiro, 2008 13:08  

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