o reconhecimento
hoje, lia salteadamente a Bíblia e ancorei nesta passagem, que me reacendeu uma questão de sempre. um mote provocatório.
hoje, lia salteadamente a Bíblia e ancorei nesta passagem, que me reacendeu uma questão de sempre. um mote provocatório.
Um rei reinará de acordo com a justiça,
os seus príncipes governarão de acordo com o direito.
isaías - 32,1
percebe-se uma diferença, uma hierarquia entre justiça e direito, tal como rei e príncipe são nivelados. o direito será uma compilação descriminada de artigos ditados pela justiça, o que equivale a dizer ditados pelo rei; ou ditados superiormente ao rei, mas enunciados e geridos por ele. que rei poderá ter uma relação de identidade fusional com a justiça? acabo sempre por desembocar em Deus, porém o que está em causa é o plano terreno; teria de pensar numa presença humana mediadora, ainda que superiormente inspirada, com uma centelha divina na nascente do discernimento e, ainda assim, coloca-se o problema do reconhecimento de legitimidade, da reverência funcional, da evidência do sistema.
o problema do critério em nome do qual o primeiro rei foi rei.
Etiquetas: Teometria
9 Comments:
eu nem consigo comentar-te agora...
mas boa.noite
sim...consigo
desejar-te!
beijO
LoL
é sempre bom receber um boa noite face ao problema da justiça:P
Creio que se deve ter sempre presente a máxima evangélica «A César o que é de César, a Deus o que é de Deus». Quer dizer: a Deus a justiça divina, ao homem a justiça humana. E ao rei, a qualquer rei, cabe apenas e só a justiça humana. E mesmo essa já tem tanto que se lhe diga...
:)
mas o problema é o do reconhecimento de legitimidade entre os homens, o que sustentou o predomínio do exercício legal de uns sobre outros e a aceitação da fonte de autoridade.
«o que sustentou o predomínio do exercício legal de uns sobre outros e a aceitação da fonte de autoridade» foi, quanto a mim, a necessidade. Ou seja, o homem, no seu longo processo de socialização, foi-se dando conta de que, para que a vida em sociedade fosse possível, era necessário que uns mandassem e outros obedecessem; o que vai mudando é as modalidades e os limites do poder e da obediência.
claro...
mas não isso que está aqui em causa - ai as palavras! ai as palavras! - é a questão de se reconhecer legitimidade a uns e não a outros. um exemplo talvez ajude: depois de criada uma linhagem, a sucessão - embora possa haver problemas de descendência - biológica e natural, só por si, legitima que seja A e não B a ter direito a chefiar; mas essa linhagem teve de ter um momento inicial, literalmente, original, e a minha pergunta reside aí, no critério que teria feito reconhecer autoridade a certos seres humanos.é o problema da escolha do líder, não da consciência de que é necessário haver um líder. claro que é impossível chegar a uma resposta exacta. postei sobre isto por me intrigar tanto.
Quanto a isso, e pese embora a natural obscuridade das origens, talvez a resposta resida na força de certos indivíduos. Dou como exemplo o processo de formação de certas linhagens medievais: por serem bons guerreiros, certos indivíduos conseguiram, por via dessa capacidade guerreira, dominar um território e fundar uma linhagem. Não residirá o problema da escolha do líder na força militar, física ou económica (consoante as épocas) desse indivíduo?
P.S: Sendo provável que vá estanciar uns dias por aí, haverá disponibilidade para um café?
esses são os ingredientes de excelência que mais ou menos se intuem, mais este, que mais me dá que pensar: a vocação sacerdotal, o poder de comunicação com altos planos, a audividência e a clarividência em relação às situações e o poder de criar uma atmosfera de ordem (pq o reconhecimento de excelência física ou económica, embora nivele os seres, não traz sempre o acatamento). claro que só tenho as ideiais gerais soltas e confusas que a escola e as aulas de história deixaram em relação a épocas sobre as quais já há mais estudos.começando a recuar é que tudo misterioso.a questão é mais que complexa, porque implica já excelências de ordem espiritual, o que nunca é pacífico. este ponto é difícil de ser"teclado"! só mesmo com um café, realmente. qdo vieres, manda sms e logo se combina:)
(no próximo fim de semana não estou cá)
em abstracto: um líder conquista autoridade por ser o AUTOR de algo que é valorizado por um grupo de pessoas.
é uma questão de poder. o líder PODE qualquer coisa (que é importante para o grupo) que os outros não podem.
bj.
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