domingo, junho 29, 2008


queiram desaguar uns minutos neste leito.

sábado, junho 28, 2008

angústia, angústia... quão pirosa és

és realmente mal-vinda. muda de roupa. olha que ficas ridícula...
desacreditada pelo coração entediado que falava, ao ouvir isto, a angústia corou, entrou no carro e desastacionou o mais rápido que soube.

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sexta-feira, junho 27, 2008

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sábado, junho 21, 2008

harry gruyaert fort mahon beach, 1991

Na praia

Raça de marinheiros que outra coisa vos chamar

senhoras que com tanta dignidade

à hora que o calor mais apertar

coroadas de graça e majestade

entrais pela água dentro e fazeis chichi no mar?

Ruy Belo País Possível


quarta-feira, junho 18, 2008

a passagem das horas
era uma criatura que acreditava nada ser alterável na sua vida. quando entrava num café, sentava-se de costas para o trânsito do mundo, quanto menos visualizasse a pulsão da cidade, quanto menos esbarrasse com dinamismo, melhor. bebia o café sempre com o mesmo ângulo de inclinação da chávena. dirigia-se ao balcão de pagamento mais ou menos numa recta, orientada pelo alinhamento das linhas da tijoleira que cobria o chão. anotava as datas das suas fatalidades biográficas mais dramáticas e cada vez que se completavam doze meses sobre o sucedido fazia questão de aludir ao facto, mais ou menos directamente, mais ou menos poetica ou artisticamente, como quem compõe um ramo de flores para depositar no sepulcro de um antepassado. na regularidade e aparente imobilidade destes ciclos, automaticamente renováveis, como num contrato celebrado e contraído com o universo, certa vez, entre a mesa do café de sempre e a caixa de pagamento, exactamente sobre a recta habitualmente trilhada, apercebeu-se de que o seu relógio parara: para além de ser impossível só ter decorrido o tempo desenhado pelos últimos ponteiros, o eixo dos segundos estava inerte. o facto foi-lhe completamente insuportável. e passou a fazer parte do rol de eventos funestos. dentro de um ano, a paragem do relógio seria rememorada com a dignidade e ritualização que se impunham.

terça-feira, junho 17, 2008

sapatos van gogh

moldes do corpo que caminhou. nada estagna debaixo e à frente dos passos. a seguir àquela árvore que se avista ao fundo, há um carreiro de silvas por pisar.


sexta-feira, junho 13, 2008

incomoda-me ver quadros do Pessoa em ângulos de familiaridade pelas paredes das casas, num quase paralelo linhagístico com os rostos de antepassados. não sei porquê.

terça-feira, junho 10, 2008

peter marlow hot spring. kawayu. wakayama. japan. 1998
em submersão. lavagem interna, com água de fontes imponderáveis. a procurar a univocidade dos fios de água que fluem, para poder antever e circunscrever a inundação. com o verbo, o encontro é húmido e a expressão vem borratada com a água. posto isto, quando o banho acabar de me tomar, volto. até já.


quinta-feira, junho 05, 2008

Nunca chegaremos ao dia em que diremos tudo passou
porque nesse momento algo estará ainda a passar

e mais não se cita, deste poema do António Ramos Rosa, por não concordar com a concepção de morte que se enuncia no verso seguinte. com as pessoas, fora do papel, é diferente: há que integrar a sintonia, a falta dela ou a profunda discórdia num só olhar para a página do rosto. sem elipses.

domingo, junho 01, 2008

Cinema Paradiso
Giuseppe Tornatore
coincidências e apontamentos extraídos: admissão, a projecção-e-os-outros, combustão, perda, partida, implosão, recuperação, cristalização, regeneração.

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