domingo, janeiro 31, 2010

há 29
parabéns, inês!
para o ano poderão ser trinta... espero que estejas consciente da gravidade da situação.

sábado, janeiro 30, 2010

tirei uns apontamentos deste barbeiro. é um dos casos de observação da galeria humana em que descontextualizo (da mentira e da vingança, neste caso) a persona para recortar o que acho que mais me pode valer. neste caso, interessa-me a serenidade numa qualquer situação de constrangimento grave. extrair o ponto sólido de uma alma qualquer, procurar absorvê-lo e incorporá-lo nos nossos traços distintivos, manter esta prática ao longo dos dias, ao fim de anos, levará a que possamos ter triplicado competências, se houver seriedade no modo como valorizamos o outro em detalhe. depois, há variações refinadas que se podem, pelo menos, tentar. por exemplo: alguém que insiste em massacrar-nos com um fim específico, a que não queremos ceder, que desperta sobetudo irritação, pode, ainda assim, ser um bom projector da cor da perseverança e da determinação para que possamos reproduzir essa força noutro contexto. idealmente, para quem assimilou, a transferência de força deverá ser direccionada para um propósito justo. não sendo assim, é clonagem pouco creativa e vazia de aprendizagem. um agente perturbador pode ser de uma inspiração tremenda.

domingo, janeiro 24, 2010

corrigenda
acreditar que não há acasos paraquedistas no caminho, não é ter a pretensão de saber exactamente porque nos acontece algo. é apenas acreditar que não há acasos paraquedistas no caminho.

sábado, janeiro 23, 2010

velocímetro
meço a agenda a quinzenas. a semana tornou-se efémera de mais para ser uma unidade métrica de referência. o concerto a que fui na sexta anterior, por exemplo, parece-me ter sido no mês passado, embora os meros sete dias volvidos não se tenham feito sentir com uma consistência de durabilidade regular. não me explico isto: uma sensação de distância no tempo aliada à noção de brevidade dos pequenos ciclos que organizam a rotina. o primeiro efeito não é uma consequência lógica do segundo, como seria natural imaginar. não me assusto com o galgar da idade, nem com contabilidades de notário, mas ainda não sei muito bem que relação devo estabelecer com esta velocidade.

quarta-feira, janeiro 20, 2010

chegou hoje. o carteiro fez jus ao adágio e tocou realmente duas vezes. enfadado com a minha demora (estava em pantufas), deixou o livro em cima do vaso grande do pático da frente. oito dias apenas. vida longa para a amazon!

terça-feira, janeiro 19, 2010

nota da gerência

aqui entre nós, agora que saímos do post anterior. no imperativo, o verbo discernir soa muito mal.
o mergulho de si em coreografia de feto. a junção original do tronco às pernas, para o centro da experiência. deixa a gestação do que sucede fermentar bem. escreves menos, escreves mais tarde. escolhe. pesa. discerne.
A. Beardsley

domingo, janeiro 17, 2010

presença
agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora agora

sexta-feira, janeiro 15, 2010

terça-feira, janeiro 12, 2010

de senectute
a contemplação de eunice m. no palco, dela em si como enunciadora, como voz e corpo, independentemente do texto enunciado, acordou considerações que tinha adormecidas no íntimo acerca da velhice. a idade como espessura de tempo. como crédito de já se estar farto de saber como é, mesmo dentro do nunca se saber tudo. se estiverem salvaguardadas condições físicas essenciais, se tiver sido feito o investimento justo em todas as horas respiradas, a velhice, como cumular de um processo, pode ser um patamar invejável, absolutamente único. não escrevo superior, embora fique a pensar melhor no assunto.

domingo, janeiro 10, 2010

bonança de fim de tarde. mudam-se os discos para monsieur couperin. obrigada, s., isto é mesmo muito bonito.
unha

vamos lá limar a unha a essa certeza: está a ficar inestética e agressiva.

a neve matinal providenciou-me flocos de energia. hoje quero guitarras e bateria para acompanhar o compasso íntimo e trabalhar até ter fome.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

encontros
o ano do pensamento mágico>
ontem aqueci a minha noite de janeiro em frente a esta senhora. guardo impressões fragmentárias de algumas reflexões, dos mínimos cénicos e da voz de eunice. a minha mente procurava criar espaço para o texto dramatúrgico entre os excertos dos upanishads, que tinha estado a ler no café, antes da companhia chegar e de serem horas para entrar na sala. quando fico muito absorvida, o que venha logo a seguir tem de competir, em silêncio interno, com o que acabei de ler. pouco organizada para escrever muito mais, condicionada por uma disponibilidade que anda com apetites de outras índias, quero, contudo, manifestar a minha admiração pelo acto do monólogo, pela máscara enunciadora em si.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

a cena da incapacidade do aperto de mão, quase no fim de Metropolis, de Fritz Lang

a pensar nas vezes em que isso nada tem que ver com lutas de classes e acontece. o teste do toque é uma bela prova dos nove para degelos.

sexta-feira, janeiro 01, 2010

os projectos mais urgentes para este ano pertencem à categoria do interno e não manifesto, por isso achei que um acórdeão com um baptismo destes era o indicado para primeiro post do ano. movimentos interiores. realmente interiores, pouco dados a uma existência plástica. mas mvimentos. o voto clássico deste dia para todos os leitores.