certas rudezas, de tão perfeitamente más e incisivas quererem ser, tornam-se tipificadas, logo, caricaturais, logo, cómicas.

contraproducentes.

pouco a ver com isso

vinte e oito anos é demasiado pouco para saber o que é a felicidade absoluta. ou não. sei lá se há idade para isso. serve a introdução apenas para registar as reflexões dos últimos dias: a (minha) felicidade verdadeira está intimamente desligada de factores realmente externos; estes, no eixo narrativo, serão coadjuvantes, é certo, nunca o caroço da questão.

de volta

vou ali e já venho.
boa semana para todos!

querido mês

agosto já não me sabe a suspensão há alguns agostos. quem se quiser entreter, que avalie malefícios e benefícios do fenómeno. outrora, mesmo os dias mais intensos carregavam provisoriedade, em setembro é que - fosse lá o que fosse. hoje, não. só que a marcha dos outros parece permanecer no que me é o velho registo. procuro temperar o desalinhamento e olho para os pés: as sandálias e a nudez que me recordem do mês que respiramos.

o sentimento do nível

ontem à noite, depois de regar as plantas dos vizinhos ausentes, a uns bons metros acima do nível em que costuma estar a minha linha de visão, fumava um cigarro, em paralelo com um outro senhor com esgares digestivos, que não me via, mais abaixo, de pés postos nos chão do quintal. aproveitei a diferença de perspectiva, que me aproximava mais do lampião e me dava a noção da extensão dos fios eléctricos, como riscos suspensos na noite. confirmava, de mim para mim, como gosto de estar acima dos telhados e ter acesso a um plano panorâmico, sobranceiro à pista de todos os dias e, enquanto arrumava este pensamento, muito acima de mim, passava um avião com uma luz vermelha. talvez alguém fosse ansioso por aterrar e fumar em terra.

está dado o mote para me desconcentrar e escavar um cantinho mental em mim para assimilar o recém-visto. legitimada a balda por hoje, portanto.

a propósito

algumas almas crêem ser chique, sinal de força e dignidade, a vingança e o culto do ressentimento. perdão ou relativização será, obviamente, uma cretinice. a palavra ressaibo, não sendo especialmente bonita, é muito didáctica: aglutina sabor a ranço, na sua espessura semântica, com ressentimento. quanto a mim, está tudo dito.

há pouco apanhei o Hábito e a Rotina à gargalhada. não sei muito bem se estavam debaixo da mesa, atrás da porta ou na terceira cruzeta do guarda-fatos. parece que se divertiam a descontruir aquilo em que eu estava a pensar. decretavam sentenças, como quem recebeu a mais privilegiada bênção sapiencial. como quem esteve a tomar café com o Tempo e se tornou detentor do mecanismo que desennovela os dias.