sábado, julho 26, 2008

volto já!

quarta-feira, julho 23, 2008

embora andasse com detreza e ligeireza, apoiava-se numa bengala à barão do século XIX, preta, luzidia, encimada por uma esfera prateada. barrou-me o caminho, esticando uma espécie de mediatriz no passeio com o dito adereço: qual é a sua opinião sobre o caso madie? não foi propriamente por respeito aos seus prováveis setenta e alguns, até porque fui impedida de continuar a subir a rua da constituição, estando com relativa pressa... creio que foi a compaixão pela pesca de um interlocutor que aquela criatura tentava. já tenho pressentido olhares destes no metro: uma inquietude que nos fixa, bocas prestes a deitar por fora qualquer coisa. a senhora estava obcecada, é certo. repetiu cinco vezes uma parte do depoimento da mãe, articulava raciocínios lógicos, falava com lucidez, sentenciava com fúria contra a PJ portuguesa e não me perdoava o cepticismo - justo ou injusto, pouco sindicalizado, observador. fui-me afastando, depois de meia dúzia de minutos de conversa. no final, o que eu suspeitava:obrigada! sem qualquer ressonância do protocolo jornalístico, foi uma genuína expressão de gratidão pelo troco - ainda que divergente - de que beneficiou por ter recebido atenção. quando chegar a casa, não sei se poderá contrariar alguém. valha-lhe a televisão para poder extrair mais citações.

sábado, julho 19, 2008

Leonard Cohen

não vou, mas não podia deixar de assinalar o dia. esquivo-me à escolha de uma música, não quero cortar as outras.

sexta-feira, julho 18, 2008

I know nothing in the world
that has as much power as a word.
Sometimes I write one, and I
look at it, until it begins to shine.

Emily Dickinson

mas hoje acordei a imaginar uma civilização em que a comunicação básica se processava através da música. nem sequer queria que fosse assim. a persistência do equívoco com as costuras do termo verbal deve pôr o meu cérebro a fabricar coisas destas...


quinta-feira, julho 17, 2008








Powered by Podbean.com

the young gods arcia

Etiquetas:

quarta-feira, julho 16, 2008

a paz contigo à entrada do pátio
duas modestas e respeitáveis senhoras, 2008

decerto que georges seurat [1] , o verdadeiro autor da pintura, perdoará a ousadia da minha reformulação do título, depois de entender o que passo a narrar: enquanto digitalizava a imagem, ainda o scanner trepidava, tocaram à campainha cá de casa: a paz esteja contigo! ouvi eu atrás da árvore que vai ganhando terreno à janela. não houve prolongamento da mensagem, nem corte, nem costura. a mensagem estava dada. não acontece às vezes. aconteceu hoje. merece registo.

[1] Georges Seurat, Banho em Asnières, 1883-84


segunda-feira, julho 14, 2008

as estantes de flores cobriam os pátios do horto de um modo tão denso que pareciam começar a brotar do cimento. era suposto que eu ajudasse a escolher uns tantos vasos para o canteiro da entrada, mas as cores e formas eram tantas e ex-aequamente tão bonitas que não consegui tomar decisões ou interromper a contenplação para operações lógicas. é evidente que só me apeteceu continuar a olhar para elas, sem que me importunassem. em silêncio. que falta de espaço e de sossego para poder olhar. só.

sábado, julho 12, 2008

mergulho n(ã)o pacífico.

aqui - mais matéria para pensar e pesquisar durante os próximos anos. mais fotografias subaquáticas.[com o devido desconto a alguma pinta star wars da apresentação, claro!]

sexta-feira, julho 11, 2008

gosto de ler o Alcorão no metro. tenho uma versão de bolso que visito salteada e desordenadamente. as almas sonolentas, que como eu deslizam pelos intestinos públicos do porto, acordam para me lançarem faíscas de suspeição. controlo o riso, atrás do livrinho - porque no verão não há cachecóis que me salvem de humores solitários - e vou descobrindo o tanto que desconheço sobre o islamismo.

terça-feira, julho 08, 2008

escrever trabalhos que glorificam institucionalmente, sem acreditar na urgência de os relevar. querer contar segredos do fundo da barriga e dar com os dentes nas cascas da palavra.
coisas tremendas, assustadoras, absurdas logo à porta, de tão fora da ordem, mas que se sabe serem verdadeiras.
e toda a gente disfarça.
mas ninguém foge ao que o íntimo tiranamente dita.

domingo, julho 06, 2008

manhã sentada à pequena mesa do jardim botânico. vira o livro para o sol, para ver se lês melhor. da as linhas à luz, para ver se entendes melhor.

sábado, julho 05, 2008

aprender a saltar por dentro e pairar acima do corpo, sendo corpo em paralelo com ser mais acima do corpo. simultaneamente.
treina.