sábado, julho 31, 2010
20 anos pelo chão dos meus passos
o meu gato partiu. 20 anos pelo chão dos meus passos. 20 anos pelo meu colo. chegou-nos às mãos tinha eu 9. olho para as três cicatrizes discretas, já esbatidas pelo tempo, que me deixou no pulso direito, quando ainda éramos ambos pequeninos, e as saudades convertem as lutas de unhadas e ferradelas numa ternura e comoção profundas. a partida do bicho dá continuidade ao paradigma que tem estruturado os meus últimos dias: é mais uma presença do passado que se arruma num lugar afectivo de mim, saindo do horizonte visível e tangível.
obrigada pela companhia. até sempre, pequenino.
quinta-feira, julho 29, 2010
contabilidade:
característica do que é contável; possibilidade de ser contado.
e assim se aproximam a narratologia e as finanças.
característica do que é contável; possibilidade de ser contado.
e assim se aproximam a narratologia e as finanças.
domingo, julho 25, 2010
vamos lá limpar o pó à casa, que hoje é domingo
os picos de trabalho distraem-me com a concentração. o calor atira-me para o ar livre, longe do pc. em pausas que não programo, o arquétipo do amor vai aparecendo. quer interrogar. transfiro a resposta para o tempo. eu não sei. não sei. o futuro que vá respondendo.
sábado, julho 17, 2010
noções de fechadura
a busca da chave com que se acede ao outro é o repetido olhar do seu molde, das cavidades e recortes internos que desenham a possível fechadura.
sábado, julho 10, 2010
comigo
ontem à noite, fui senhora da estação de metro dos aliados. tudo deserto. não sei porque nunca aconteceu isto antes, dado que o cenário era exactamente o mesmo de muitas outras vezes, o certo é que, ontem, o cheiro dos produtos de limpeza e o movimento das escadas se insinuaram como companhias. o perfume dos desinfectantes tinha um efeito envolvente, nem sequer era agradável, era neutro, mas envolvia; o escalar automático das escadas quebrava o estatismo de tudo, nem sequer interagia, mas assinalava uma presença.