segunda-feira, janeiro 12, 2009

a avaliar pelas escalas de proporção com o crescimento humano, o cavalheiro infiltrado no armário, com os seus 18 anos felinos, terá cerca de 83 nossos. hoje, ao fim da tarde, foi o grande animador da atmosfera sonora do veterinário: que engraçado! o gato desta menina faz barulho de lince, como o nosso fazia! um casal, outrora também detentor de um siamês vetusto, mostrava-se bastante compreensivo com a fúria do bicho e partilhava momentos national geographic domiciliários comigo, impedindo-me de ter de me rir sozinha, face ao olhar aterrado dos donos de cães joviais e gatinhos ternurentos. não sei bem se é de lince o barulho. de gato, não será, de certeza. nada de grave, questões glandulares a sanar e mimos. já aqui me referi ao sentimento de pasmo que me assalta perante a metamorfose absoluta do gato (do acto) sob a vibração de medo. a energia que lhe parece regenerar as células para bufar, rosnar e flagelar a luva quase-de-falcão do veterinário, com as unhas de fora. sob estímulos afectivos, não rejuvenesce, estica-se, lânguido, sem brincar, como fazia há anos. de manhã, porém, mesmo antes de qualquer palavra ou afago, ronrona, sem descompor a rodilha corporal em que adormeceu, ronrona instantaneamente. a luz e a percepção dos donos em trânsito é-lhe um estímulo diferente de qualquer outro. não sei porque caio na banalidade deste relato, agora que me ouço, mas arriscando uma hipótese, creio que terá que ver com a minha necessidade de achincalhar o medo, cada vez que ele se manifesta sem medo para tingir qualquer situação. à boleia do almada, termino mais um post com a etiqueta que já conhecem:

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