operação bancária do íntimo
fica na ribeira do porto e serve boa sangria. não importa localizar melhor. o recato que queria na altura preservo-o. sem muita seriedade, talvez até com um sorriso, mas sem ligeireza alguma. quando ainda nem sequer um 2 de segunda década havia no meu BI e procurava um espaço para conversar sem interrupções e encontros de circunstância, era lá que acabava por ir parar. eram horas de conversa debaixo da chuva de música dos 80's; esta do lloyd cole, por exemplo, era um clássico da casa.
a passagem por esse bar ou a memória dele desencadeiam uma espécie de operação bancária no meu íntimo: transferência de saudade. há a percepção de saudade da circunstância, mas não necessariamente de todos os agentes envolvidos, que a faziam, afinal. saudade de um estado emocional passado, capital da altura, que se transfere para o presente. sem rosto, sem voz, sem identidade. a memória persiste, mas depura.
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