terça-feira, maio 12, 2009

o tópico da janela sempre me foi caro. lembrei-me de que já por aqui tinha escrito qualquer coisa. fiz uma pesquisa e resgatei estas linhinhas dos tempos em que vivi em lisboa. eu sei que bastava linkar, mas apeteceu-me duplicar o post. tenho saudades dessa janela. cá vai:
Quarta-feira, Junho 13, 2007

já percebi que eu e o vizinho da frente escolhemos a mesma hora para fumar um cigarro à janela. do meu lado, é a da cozinha. a essa altura do dia já estou sem lentes e nesse momento concreto não admito presenças de corpos de óculos na cara. percebo apenas uma presença que está de manga caviada, mas não lhe conheço o rosto. sei que há ali uma combustão e a singularidade do rosto do homem mistura-se com a percepção que tenho do fumo. são uns cinco minutos de recolhimento, em que uma definição corporal humana nítida seria muito intrusiva. na rua, não o identifico. teriam os impressionistas buscado aquela inspiração de enevoado colorido nalgum grau de miopia? separa-nos a rua, mas o lampião que ilumina aquela fatia de passeio é comum. o topo da lâmpada, com uma cobertura metálica, é a plataforma de eleição dos pombos para os seus rituais de acasalamento.