quinta-feira, abril 30, 2009

ortopantomografia

nota introdutória: eu sei que havia prometido não falar mais sobre dentes e sagas no dentista, mas tenho este tique de resvalar para considerações espirituais a partir de pormenores. é crónico. nada a fazer.

hoje, pela primeira vez, espreitei para o revestimento ósseo da minha cabeça (os dentes podem exigir radiografias complicadas). a imagem ainda apanha um pouco da cervical, vêem-se as vértebras imbricadas como legos. qual é o conceito que mistura espanto e comoção? tendo-o em conta, seja lá ele qual for, entender-se-á mais ou menos o que me invadiu. lembrei-me do outro, no momento em que segura uma caveira e reflecte sobre a finitude da vida, sem que eu própria tivesse ancorado na questão desse mesmo modo; aos meus olhos, no corpo, no fruto, na árvore, ciente embora da finitude de todas estas cascas, é meu porto o circuito contínuo do espírito, de tudo. um destes (falo do meu apenas por circunstância) espelhos de osso só me consegue devolver a imagem de uma ordem materializada.