próxima estação: -
andar de metro pode tornar-se numa operação altamente metafísica. a rotina e mecanicidade do processo, unívoco e previsível no seu curso, apela a olhar para trilhos do íntimo. apesar da abstracção da carruagem e da concretude do contexto, a consciência e percepção da locomoção estão sempre presentes. as paragens da viagem interior estão sincronizadas com as paragens da rota da máquina; o movimento desta última torna-se um motor expansor, uma força circulatória de ideia. em dias privilegiados, o íntimo pára em estações que dão acesso a recantos interiores insondáveis pela vontade do mero comando mental. é o eu, sem que o seja, contudo. é uma raiz do eu que não tem o nosso nome, mas que sabemos nossa. chegando aí, assalta-nos um sorriso análogo aos primeiros dias de uma paixão, mas o afecto recai sobre o tempo, sobre o espaço, sobre a luz, sobre a árvore, sobre todos os transeuntes e edifícios da cidade. e nem sempre o impacto de uma boa notícia rivalizará em alegria com esta sensação.
2 Comments:
concordo contigo, o metafísico esta lá e à medida que o veículo avança nos trilhos em frente tu avanças para dentro em síntese fotográfica a rever o passado ..
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não me referia ao passado, mas um avanço para "um dentro" constante do teu eu*
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