quinta-feira, março 12, 2009

a parte mais
há sempre um fragmento de corpo dominante. será através dele que o outro se torna especialmente definível. ou mais rosto e linhas da cabeça. ou mais cabelo e volume. ou mais olhar e expressão. ou mais tronco e porte. ou mais pernas e movimento. ou mais voz e envolvimento. ou mais mãos e demonstração. qualquer que seja o traço. o ponto pregnante que nos devolve a imagem de alguém é sempre em ângulo primeiro e privilegiado que nos revisita, durante o processo de evocação. este desencadeia-se porque sim, ou por inclemência da saudade, por exemplo. e no momento da rememoração, o que fica no crivo da memória é sempre a imagem mais bela que alguma vez vimos. é possível chegar ao arrepio e à contracção dos ombros com a comoção.