portuenses que vos deixastes intimidar pela chuva embrionária de ontem, tende pena, muita pena de não terdes estado em serralves. a cinemateca estava logo a seguir ao bar. a noite ainda sabia a domingo e segunda-feira era só amanhã. o nosso burgo, na tela, era de ontem, de 1956. O pintor e a cidade mostrou-me o quanto desconheço da pintura de António Cruz e o muito pouco que sonho dos portuenses nossos avós. entretanto, o bilhete dava assento na voz de Luís Miguel Cintra, que nos levava a Vila do Conde, terra dos manos Reis Pereira. onde estava Régio? n'O Romance de Vila do Conde. declamado em 1959. nem sempre me é fácil a sintonia com este homem, mas a declamção não deixava ninguém imune. nem nesse nem n'O poeta doido, o vitral e a santa morta. Poemas de Deus e do Diabo. e o outro, o pintor? dizia o guia da casa de Vila do Conde, há uns anos, que não falava com quase ninguém. falava, então não falava...! através da pintura. também lá estava n'As pinturas do meu irmão Júlio, ano da graça de 1965. no final da missa, O pão, 1959. é difícil comentar o elogio do gesto mínimo, na cadeia que dá à luz o pão nosso. e acho que aproveito a boleia desta constatação para me escapar do post por aqui, como o vento a dobrar a verticalidade dos campos na imagem final.
p.s. esqueci-me de incluir o nome do realizador, certo. mas quem mais poderia ter produzido este pentágono? o manoel, é claro...
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