Se eu pudesse comprimir o sentido de humor em cápsulas e, depois, persuadir povoações inteiras a engolirem as minhas pílulas humorísticas, imunizando desse modo toda a gente contra os fanáticos, talvez um dia chegasse ao Prémio Nobel da Medicina, em vez do da Literatura. Mas escutem! A simples ideia de comprimir o sentido de humor em cápsulas, a simples ideia de fazer com que os outros engulam as minhas pílulas humorísticas para seu próprio bem, curando-os assim do seu mal, já está ligeiramente contaminada de fanatismo (...) Afinal, se não podemos vencer o fanatismo, talvez possamos, ao menos, contê-lo um pouco. (...) a capacidade de nos rirmos de nós próprios constitui uma cura parcial, a capacidade de nos vermos como os outros nos vêem é um outro remédio. A capacidade de conviver com situações cujo final está em aberto, inclusivamente de aprender a desfrutar dessas situações, de aprender a desfrutrar com a diversidade, também pode ajudar. Não estou a pregar o relativismo moral total, com certeza que não. Tento realçar a nossa capacidade de nos imaginarmos uns aos outros. Façamo-lo a todos os níveis, começando pelo mais quotidiano. Imaginemos o outro quando lutamos, imaginemos o outro quando nos queixamos, imaginemos o outro precisamente quando sentimos que temos cem por cento de razão.
in Contra o Fanatismo
2 Comments:
imagino
israel
e a
palestina
a viverem
em união
(acho que tomei umas cápsulas a mais!)
LoL
vou ver se apanho "uma pantera na cave", tb dele, na feira do livro. fica a dica;)
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