terça-feira, março 25, 2008

sino dobra seio

os repiques do sino na páscoa, que desciam a rua até à janela do meu quarto, dobraram como a finados. quando a finados, os sinos dobram como a chamada para a missa. uma promiscuidade sonora que irrita alguns fiéis das redondezas o homem do sinos não tem arte nenhuma! ouço eu, mais do que uma vez. divirto-me, por vezes, a imaginar um quasímodo a invadir a igreja da minha área para explicar ao encarregado o critério para cada ocasião. formação de repique de sino, com horário afixado, ao lado das actividades paroquiais. mas tudo isto apenas porque acabo por me rir com a irritação alheia. o sinal de sentido é-me íntimo, sem precisar de adaptação melódica. embora a aprecie e até preferisse ouvir variantes, não crucifico o sacristão de badalo monocórdico. para ele, as diferentes actividades são uma hora de ponta nos seus dias, chego a compreender que uniformize o gesto. enquanto pensava nisto, lembrei-me da professora a enrugar a camisa, até o tecido formar prega e adquirir uma certa forma cónica, como acontecia na toga lassa dos romanos, forma de sino, ou de seio, vistos na lateral; explicava-nos que em latim a palavra é a mesma, tanto para dobra, como para seio: sinus, us.