estendal
desci o pequeno estendal interior do tecto da marquise para dependurar a minha toalha de banho. nas traves de plástico paralelas, caíam as dos meus pais, em dobra. pude sentir o cheiro delas: apesar de o meu nariz perceber uma base comum, por ser comum o amaciador com que são lavadas, não deixou de se sentir um odor conjugado, modelado pela identidade do corpo que vem impregnar a toalha de modo específico. singular. não sei muito bem se cheguei a querer tirar alguma conclusão com isto. não percebo, aliás, por que é a percepção desta diferença, óbvia, sabida, me deixou a pensar para além do pequeno almoço. creio que é a percepção do outro como não-eu, massa específica, lugar a perceber, irradiador de sentido, que me absorve sempre com mais intensidade. se é pelo outro, se é pelo eu, por diferenciação, ou se é por ambos não sei com certeza. sei que o tocar na singularidade alheia, mesmo que com o nariz, como foi o caso, é sempre tarefa em que me vejo demorada. voluntariamente. involuntariamente.
4 Comments:
Tive de lhe roubar este texto e postar no meu.
a gerência folga em saber e isenta-o de imposto!
Há aromas, impressões que fazem memórias e possibilitam descobertas. Do outro e sobre nós.
De facto...
De fato...
De olfacto...
De afecto...
Efectivamente, um post com uma roupagem singular :)
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