terça-feira, janeiro 01, 2008

fechar a porta de 2007 num acto protoilegal: restam três horas para poder fumar debaixo de telha, no mítico cão que fuma da rua do almada. compor um cadavre exquis entre o ananás e o bolo de chocolate:

Ruas batidas por duendes
verdes de fantasias medievais.
Diz-me a garrafa que a água das pedras
facilita a ginástica muscular.
Deverei acreditar em garrafas?
Esta é verde, parece-me pouco transparente.
Quer-me beber, mas acho que não deixo.
Noites de fogos fátuos
efervescentes pelos copos
servidos quentes a álcool
armazenado no rés-do-chão
da liberdade dos corpos
agastados com o desenontro.
No novo estrato registo
o para-além da dobra.
A dobra é de papel,
mas podia muito bem ser
um dos órgãos do fole de acórdeão,
os pulmões no centro da escrita.

(i & j)

virámos a página arrancada ao moleskine preto, pequenino.
continua o cadavre exquis do outro lado da página e há mais uma arrancada, desirmanada, apressada pela tirania do êxodo da meia noite. é preciso sair e marchar contra a multidão, porque atrás da câmara vê-se o fogo quase todo, que importam as cachoeiras? a igreja da trindade sempre tem um varão com escadinhas.

tomar banho com sabonete de sal, para abrir bem todos os poros a janeiro.
2008.


bom isto, bom aquilo, com tudo disto, com tudo daquilo

6 Comments:

Blogger lupuscanissignatus said...

Escrita que se bebe de um trago!

Saúde!

01 janeiro, 2008 23:13  
Blogger icendul said...

tchim!:)

02 janeiro, 2008 10:59  
Blogger E. A. said...

Bom ano, cheio de projectos concretizados :)

E muita luz e pouco fumo! - eu como não-fumadora estou satisfeita com a lei. :))

02 janeiro, 2008 18:51  
Blogger icendul said...

o mesmo para ti,aveugle.papillon;)

fumo pouco. intermitente e caprichosamente. nas jantaradas costuma ser certo, mas tal não quer dizer que não concorde com a lei. o homem é um animal de hábitos. é possível que a procura e reunião num espaço de legitimidade se torne, por si só, num ritual singular. para já não; com o decorrer do tempo, é possível.

02 janeiro, 2008 19:04  
Anonymous Anónimo said...

o cadavre exquis fez da passagem de ano um soltar intenso de açucar nos olhos atentos, cheios de superfícies lisas e frias, onde os foguetes se despedaçavam como estrelas protectoras.
João : )
*

03 janeiro, 2008 02:44  
Blogger icendul said...

e citando alguém: "sim senhora":P

04 janeiro, 2008 13:25  

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