aí vem ele
meia dúzia de corpos enregelados de frio na paragem. duas senhoras a roçar o velhotas, mas ainda não absolutamente merecedoras do último adjectivo, conversam sobre qualquer coisa de que os parenthetical girls me distraem quando ligo o meu leitor de mp3 e entra o álbum deles. uns segundos depois, sou brindada com o low battery que me é anunciado e que quebra em alicate o som da espera. fico à mercê da banda sonora urbana. ouço imediatemente a excitação das senhoras: aí vem ele! o júbilo com a aproximação do metro teve uma enunciação digna da chegada do amado. é ele, é! ou não. não sei. essa alegria, sendo tão íntima, não é anunciada em voz alta. nem em voz baixa. mas o olhar das senhoras, o entusiasmo com que se aproximaram da beira do cais fez da chegada dele um facto afectivo qualquer. não sei onde as levaria ele, mas com esta me passou logo o amuo por não poder ouvir música.
2 Comments:
olha, por aqui não há metro para eu recuperar o bom humor quando fico sem bateria no leitor :) da última vez que me aconteceu, animou-me ver que a lua estava cheia. Tão cheia que encantou ao ponto de chegar aos semáforos (dos peões) e parar no verde com tal concentração que o pessoal dos carros olhou para mim como se fosse maluco. talvez tenham razão :)
não há metro, mas talvez haja menos trânsito e alguns peões em conversa para apreciar noutras paragens:)
os semáforos estão invertidos: o verde é uma cor fria, de congelamento, para mim, devia parar a marcha;o vermelho é uma cor quente, sugere acção e movimento, devia permiti-la! há razão em paragens no verde!
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