segunda-feira, dezembro 17, 2007

até onde?

- mas ninguém se sente aconchegado pela indefinição.

- não há indefinição nenhuma. precisão, até. muita. interna, contudo, mas rigorosa.

- conseguir esquecer o sítio em que se vive, em que se está, como se se estivesse em todo o lado? ninguém pode ser feliz assim.

- pode.

- isso é fugir para coordenadas que não estão à mercê dos passos.

- somos lugares, túneis e pontes ruas e faixas de dupla rodagem com sentidos pintados a branco. somos escadaria por dentro, por todo, forrados a degrau em espiral. não vemos a clarabóia de topo, mas tacteamos sempre a escada seguinte. mesmo às escuras, subimos.

- e rotundas? a rotunda do umbigo, por exemplo, tão redondinha, tão pequenina, é preciso baixar bem a cabeça para a contornar com precisão. não dá para ver mais nada, não dá para olhar para mais nada. rotunda, rotunda, circule com precaução o olhar...

- não. não falamos de solipsismos, caro. levamos todas a galerias escavadas por baixo da pele para junto dos que amamos. as nossas pernas levam-nos até eles, o miolo do espírito até onde?

- muito bem: mostra-me, então o rigor, a precisão: onde estão?

- algures entre a vontade e as suas pernas.