domingo, outubro 07, 2007

rascunho dominical
quanto mais tempo vivo, mais me convenço de que a simplicidade implica um nível de sabedoria inimaginável. o poder simplificador é um traço comum a todos os seres humanos que mais admiro, sobretudo, em momentos de adversidade. os ciclos de contrariedade definem-nos (pelo menos com a experiência que temos até então; num ciclo de contrariedade futuro já podemos ser diferentes) com muita precisão, ao focarem os motivos que nos impedem de sermos felizes e ao exigirem medidas da nossa parte para os vencermos. o que valemos, realmente, quando os nossos tudo desabam? sinto, muitas vezes, que a simplicidade, não sendo fashion é lida como algo plano, por vezes, como sinal de pertença a um estádio mais básico. não é mau diferenciar o básico e o simples: tanto em nós como nos que nos rodeiam. procurar ser simples não é nada básico. a busca de ideais, quaisquer que sejam as metas que depuramos para nós, é bela, necessária, mas a teimosia em não tolerar formas humana e inevitavelmente inacabadas, para além de se tornar feia, é muito básica. de nós para nós próprios, ou em relação aos outros.

8 Comments:

Blogger E. A. said...

A simplicidade adquiriu dois significados importantes ao longo da história.

O primeiro com as ideias platónicas – as ideias são simples ou seja sem mistura, são puras. Tudo o que é ontológico é simples, tudo o que é ôntico, do ente, da realidade sensível são projecções infinitas alteradas da ideia. A alma é simples, e através do despojamento do sensível, em ascensão asceta, chegaremos à máxima pureza e simplicidade das ideias, do bom, do belo e do verdadeiro. No que diz respeito à moral, só conhecendo as ideias poderemos ser bons. Logo o conhecimento determina o valor da acção moral. Porque Platão acreditava que se conhecermos o bem só podemos agir em bem.

O Cristianismo ditou o contrário: abençoados os pobres de espírito. De modo a compatibilizar a ignorância com a acção boa. E tb para alargar o espectro de culpa e responsabilidade. Aqui a simplicidade significa, então, pobreza de espírito, ignorância, humildade, igualdade; o nosso corrente “é uma pessoa simples”.

Penso que n seja fashion, porque esta pretensão cristã de nivelamento sofreu grandes abalos, no princípio do sec XIX e ao longo do séc. XX, com os progressos científicos, com Freud, com a mais fácil propagação de conhecimento, etc. Por um lado a simplicidade como valor cristão entrou em colapso, por outro lado agora somos mais sabedores mas não somos mais sábios e assim chego à tua reflexão: agora q estamos sozinhos, arredados de Platão e do Cristianismo, pois provámos q nenhuma teoria é a verdadeira, é muito difícil ser-se consistente – q regras adoptar, q caminho seguir? Traçar o nosso próprio é tarefa titânica.

Será q da crise moral, chegarão os mais elevados sábios, cujo carácter seja fluido e simples como o voo de um pássaro?

[desculpa ter sido tão temática, defeito de formação... mas gostei do teu texto, este foi o meu breve brinde a ele...]

07 outubro, 2007 16:09  
Blogger icendul said...

nada de desculpas, aveugle.papillon, adoro testamentos na caixa de comentários!se tivesses organizado tudo com títulos e alíneas ainda ficava melhor
(eheheh:P)

gosto de apreciar os registos de cada leitor, fica à vontade!


eu é que não estou à vontade para avaliar a justiça e acuidade da tradução "pobre de espírito", porque só li o sermão da montanha em português. na interpretação, o problema não é menor!
é pobreza "ética"? hoje em dia, "pobre de espírito", parece-me apontar para aí, (não tanto para "pessoa simples" corrente) para o sentido de uma má formação ética, mas e à altura da tradução? este espírito não seria o lado mais intelectual? não sei... mas se assim fosse, o sentido era o de um baixo índice intelectual? não sei... mas se assim fosse, seria uma falta de nível intelectual não desprovida de uma bondade ética profunda, estrutural e intuitiva,o popular "bom coração"? não sei...

tento avaliar o tom retórico geral das bem-aventuranças. muitos são os que se insurgem com este ponto; é possível que em tempos idos tenha sido enfatizado para legitimar manobras obscurantistas,tal é a fúria com que o citam, mas há um aspecto linguístico, semântico, que me parece ser subvertido: o texto não é exortativo, nem incitador à pobreza de espírito ou outras condições mais vulneráveis da existência, é uma enunciação consoladora para vários focos que podem ser opressores; leio as bem-aventuranças com um "apesar" subterrâneo - "apesar" da pobreza de espírito, há possibilidade de continuar uma vida após a morte,noutro plano, ou noutro plano e em retorno - para quem acreditar na passagem pelo mundo astral e no retorno através da reencarnação - em harmonia. seja qual for a escola: é um discurso de esperança.

deves estar a notar que acredito no carácter messiânico de Jesus (como no de Buda ou de Maomé - embora não tenha resolvido e aprofundado conhecimentos sobre a questão da jihad, mais que delicada, mas talvez não atribuível ao profeta do modo que vingou para a posterioridade nas edições do Corão; mas não me vou pronunciar muito, pq é um assunto que terei de ir estudando), mas isto para admitir desde já que reconheço ser tendenciosa a ler e que não me revejo nessa infirmação absoluta do cristianismo, embora reconheça a minha incapacidade de resposta e compreensão em certos pontos, demasiado misteriosos. reconheço,no entanto, que esse colapso do cristianismo marcou o pensamento do século XX e que dele somos herdeiros, no entanto,vai-se sentindo uma concorrência de forças, pq esse sentimento de estarmos sozinhos que referiste, segundo a minha percepção, nos dias de hoje, ora desemboca em desnorte sem âncoras definidas, que cada indivíduo gere com a sua capacidade de aceitação e equilíbrio pessoal, ora numa fome espiritual assumida, que impele a uma busca e a um questionar do invisível, seja este directa ou indirectamente cristão.

e, como dizes, somos detentores de mais escola, de um conjunto de reconstruções e negações que obrigam a repensar a fundo os nossos alicerces. todas dão, gradualmente, o seu contributo para a evolução da humanidade,para o fortalecimento da vertente intelectual, mas, falando por mim, nenhuma como o sentimento do divino - sintagma que prefiro a fé - traz absoluto apaziguamento, mesmo com o seu lado misterioso, inapreensível na totalidade pelas operações da nossa mente, daí que não subscreva totalmente o colapso do cristianismo, isto é, reconheço o que dizes nas tendências do tempo, mas não me revejo nessa linha. há dias, falava com um amigo que assumia a sua fé em relação a perspectivas de Cristo, e em relação a Deus, mas alegava que confessar isto "socialmente, machuca"!isto para te ilustrar como não ignoro quão profunda foi a fractura feita em relação ao cristianismo, a ponto de levar alguém que tem fé a dizer isto.a fogueira inverteu-se!

acredito em sábios cíclicos, decorrentes exactamente das necessidades de resolver os colapsos da humanidade, por acreditar numa gestão orientada do sistema. e se os próximos sábios tiverem a amabilidade de cruzar a ciência humana com os arcanos da esfera divina?a cruz parece-me um elemento de uma completude (vertical, horizontal e diagonal, com dinamismo de rotação) simples;)


despeço-me com o "plim" do copo para o teu brinde lol mantenhamos sempre o diálogo, que as divergências são um bom ginásio para as almas:)

07 outubro, 2007 22:27  
Blogger E. A. said...

as divergências são um bom ginásio para as almas:) começo pelo fim, porque, de facto, não manifestei a minha opinião, mas sim limitei-me a enunciar as duas expressões humanas do conceito de simplicidade

eu é que não estou à vontade para avaliar a justiça e acuidade da tradução "pobre de espírito", porque só li o sermão da montanha em português. na interpretação, o problema não é menor! nem a vértice, nem a papillon, nem ninguém. Qd falo de cristianismo, entenda-se cristianismo codificado e fundado por S. Paulo, (e posteriores superiores hieráticos); do cristianismo primitivo ou original, ninguém sabe.


tento avaliar o tom retórico geral das bem-aventuranças. muitos são os que se insurgem com este ponto; é possível que em tempos idos tenha sido enfatizado para legitimar manobras obscurantistas,tal é a fúria com que o citam, mas há um aspecto linguístico, semântico, que me parece ser subvertido: o texto não é exortativo, nem incitador à pobreza de espírito ou outras condições mais vulneráveis da existência, é uma enunciação consoladora para vários focos que podem ser opressores; leio as bem-aventuranças com um "apesar" subterrâneo - "apesar" da pobreza de espírito, há possibilidade de continuar uma vida após a morte,noutro plano, ou noutro plano e em retorno - para quem acreditar na passagem pelo mundo astral e no retorno através da reencarnação - em harmonia. seja qual for a escola: é um discurso de esperança. como disse acima, as interpretações da bíblia são múltiplas; muitas teses haverá a supor outras tantas hipóteses. Quando relacionei pobre de espírito a um elogio à ignorância, à ausência de dúvida, à humildade ou servilismo, foi precisamente porque foi o que a Igreja cristã fez durante todo este tempo. Não nos devemos preocupar em saber (a não ser as escrituras) mas em fazer o bem. Não se trata da minha opinião, é histórico o conflito entre ciência e Igreja. De qq maneira, se for como dizes, que o “pobre de espírito" é condicional à felicidade num além-vida, então parece haver uma confusão entre pobreza de espírito e noção de pecado.

deves estar a notar que acredito no carácter messiânico de Jesus (como no de Buda ou de Maomé - embora não tenha resolvido e aprofundado conhecimentos sobre a questão da jihad, mais que delicada, mas talvez não atribuível ao profeta do modo que vingou para a posterioridade nas edições do Corão; mas não me vou pronunciar muito, pq é um assunto que terei de ir estudando), mas isto para admitir desde já que reconheço ser tendenciosa a ler e que não me revejo nessa infirmação absoluta do cristianismo, embora reconheça a minha incapacidade de resposta e compreensão em certos pontos, demasiado misteriosos. mais uma vez, a minha intenção n foi ser “facciosa”, até porque tive educação católica e não sou uma radical dissidente.


e, como dizes, somos detentores de mais escola, de um conjunto de reconstruções e negações que obrigam a repensar a fundo os nossos alicerces. todas dão, gradualmente, o seu contributo para a evolução da humanidade,para o fortalecimento da vertente intelectual, mas, falando por mim, nenhuma como o sentimento do divino - sintagma que prefiro a fé - traz absoluto apaziguamento, mesmo com o seu lado misterioso, inapreensível na totalidade pelas operações da nossa mente, daí que não subscreva totalmente o colapso do cristianismo. o mistério da vida está sempre presente e nem a ciência, nem a filosofia o removem; refiro apenas que houve consequências graves de um excesso de religiosidade, tal como neste momento há no nihilismo em que vivemos…

[Bom, isto só para deixar claro o meu ponto. Gostei do teu texto sobre a simplicidade, porque percebo o que dizes… O meu estágio de evolução de sabedoria (sabedoria verdadeira) está muito muito aquém, muito infantil ainda. Mas a tranquilidade e a simplicidade de movimentos e pensamentos são para mim, tb, os valores maiores.]

07 outubro, 2007 23:29  
Blogger icendul said...

para generalizar, apenas digo que não posso, nem quis negar evidências históricas que aqui enunciaste e acho que, mesmo informalmente, tentei demonstrar-te exactamente que entendia o quão fracturantes e profundas foram, sem dúvida alguma.

dei uma orientação pessoal à resposta para perceberes a minha visão e organização pessoal, foi uma partilha: com mtas perguntas e dúvidas, sobretudo em relação à pobreza de espírito, onde comecei logo por dizer que a vários níveis era complexa. se a pobreza de espírito for tida como má formação ética, será conducente ao erro, ao dito "pecado", mesmo assim, havendo uma tomada de consciência noutro plano ou noutro momento da existência do espírito, podemos chegar à ideia do perdão e do crescimento espiritual. mas e se for pobreza no sentido intelectual? não anula a possibilidade de haver o dito "bom coração" que confere sabedoria ética, apesar da pouca ilustração ou menoridade a outros níveis. e a questão passava logo por aí, como apontei,pelo sentido a atribuir, daí os meus "não sei".

e, repara,estou a partilhar raciocínios pessoais; por muito ou pouco que possa crer num aspecto mais do que noutro, não os apresento como evidências inquestionáveis.



pareceu-me que assumias como tua a afirmação de que nenhuma teoria era verdadeira, daí ter feito referência a "divergências" pessoais (repito que não ignoro paradigmas dominantes gerais), sem achar que essa tomada de partido fosse radical, apenas a tua, em consoância com um paradigma geral.e há facciosismos produtivos,havendo respeito na formulação e perspectivação do campo do outro,desde logo, porque despoletam diálogo ou uma resposta mais desenvolvida como a primeira que dei e que gostei, sinceramente, de construir.
o termo ginásio, sendo galhofeiro, estava numa formulação sincera: o gosto pelo diálogo e o desafio à continuidade.

08 outubro, 2007 01:23  
Anonymous Anónimo said...

«1) Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. [Lc 6, 20](...)

Jesus dirigia-se aos pobres. A quem se faz referência, quando se fala de pobres? Do ponto de vista estritamente linguístico, a palavra grega «πτοχος» refere-se à queles que têm de se curvar e rebaixar (de «πτωσσειυ»), em henraico, aqueles que estão na situação de terem de responder, aqueles que estão sujeitos a um senhor («'anij», de «'anah»). Mas o conceito tem uma história anterior, sem a qual as bem-aventuranças de Jesus são incompreensíveis.

[...] A espiritualidade dos pobres apresenta-se de uma forma particularmente impressionante no Deutero e no Trito-Isaías:

«Enviou-me a anunciar a boa-nova aos pobres,
a curar os quebrantados de coração.
A proclamar a liberdade aos cativos
e a libertação aos que estão presos,
a proclamar um ano de graça de Javé,
um dia de vingança do nosso Deus,
a fim de consular todos os enlutados
para alegria dos enlutados de Sião»

[...] Escusado será dizer que a bem-aventurança não se dirige à pobreza e à miséria. Ela aplica-se aos pobres, porque Deus lhes promete a sua salvação, a sua basileia [Será desnecessário recordar, como exemplo analógico, que Deus ama os pecadores, mas não o pecado].[...]

Isto não quer dizer que a mensagem de Cristo só pudesse ser aceite por estas pessoas. Mas a verdade é que o seu destino as tornava mais abertas à Palavra. É evidente que elas também não estavam totalmente libertas do egoísmo e de planos de autocomprazimento. Mas, estas pessoas tornaram-se, por seu lado, expressão da salvação que se iniciava e desafiavam os outros a acolhê-la e a seguirem Jesus.[...] A culpa não é desculpada. Mas a naturalidade com que ele acolhe as pessoas que precisam dele, ultrapassando, assim, os limites vigentes [e, regra geral, os bem-aventurados são os tradicionalmente marginalizados pela sociedade: para todos, mesmo para esses - sobretudo para esses, pelo contraste com a atitude dos homens, há lugar no Reino de Deus], consegue restabelecer a autoconfiança perdida e ajuda a preparar a transformação interior.»

joachim gnilka, «Jesus de Nazaré» interpolado

P.S: Quanto a Paulo, cujo pensamento é muitíssimo mais profundo do que os seus detractores querem fazer crer, o "problema" é, como dizia um dos seus estudiosos (Étienne Trocmé) que "a partir da Reforma do século XVI, Paulo foi frequentemente lido pelos olhos de Matinho Lutero». Já sabemos que não existem leituras inocentes...

08 outubro, 2007 21:54  
Blogger Yashmeen said...

Haverá simples? Ou saberão os simples enconder-se com requintes de arte?

08 outubro, 2007 22:49  
Blogger E. A. said...

Nota prévia dirigida à cara Vértice: odeio prosseguir com quezílias, mas teve que ser.

Pressuponho que o Sr. Luís Almeida subscreva o que citou, e é dessa convicção que parto para o meu contra-comentário.

«1) Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. [Lc 6, 20](...)

Jesus dirigia-se aos pobres. A quem se faz referência, quando se fala de pobres? Do ponto de vista estritamente linguístico, a palavra grega «πτοχος» refere-se àqueles que têm de se curvar e rebaixar (de «πτωσσειυ»), em hebraico, aqueles que estão na situação de terem de responder, aqueles que estão sujeitos a um senhor («'anij», de «'anah»). Mas o conceito tem uma história anterior, sem a qual as bem-aventuranças de Jesus são incompreensíveis. Ou seja, pobres significa o povo oprimido, os judeus – portanto daqui nada se acrescenta, é apenas um vocativo metafórico.


[...] Escusado será dizer que a bem-aventurança não se dirige à pobreza e à miséria. Ela aplica-se aos pobres, porque Deus lhes promete a sua salvação, a sua basileia [Será desnecessário recordar, como exemplo analógico, que Deus ama os pecadores, mas não o pecado].[...]

Isto não quer dizer que a mensagem de Cristo só pudesse ser aceite por estas pessoas. Mas a verdade é que o seu destino as tornava mais abertas à Palavra. e estariam mais abertas às palavras, os pobres ou oprimidos, os judeus, porquê? Porque, precisamente, o Cristianismo pregou a ideia de nivelamento ou igualdade, somos todos iguais, e naturalmente, para um povo oprimido e subjugado isso é de grande consolação. Afinal, a minha condição miserável foi infligida, mas pode ser mudada, porque o reino dos céus é meu, o inferno é para os opressores. Remédio infalível, este.

É evidente que elas também não estavam totalmente libertas do egoísmo e de planos de autocomprazimento. Mas, estas pessoas tornaram-se, por seu lado, expressão da salvação que se iniciava e desafiavam os outros a acolhê-la e a seguirem Jesus.[...] A culpa não é desculpada. Ok. Comecemos pelos quebrantados de coração, os humildes e humilhados, porque esses é que precisam de cura, os outros estão bem na vida.

Mas a naturalidade com que ele acolhe as pessoas que precisam dele, ultrapassando, assim, os limites vigentes [e, regra geral, os bem-aventurados são os tradicionalmente marginalizados pela sociedade: para todos, mesmo para esses - sobretudo para esses, pelo contraste com a atitude dos homens, há lugar no Reino de Deus], consegue restabelecer a autoconfiança perdida e ajuda a preparar a transformação interior.» Sim, de facto. E por isso, nenhuma doutrina é superior à cristã. O Cristianismo encontrou uma resposta, uma cura artificiosa, mas eficiente; uma ofensa inaudita onde não a havia, proclamando o amor ao próximo e a igualdade, conceitos éticos impensáveis na inocência (essa sim inocência!) grega, uma vez que desconheciam o pecado – conceito horripilante, mas, mais uma vez, muito eficiente para controlar as massas. Com isto, não quero, obviamente, fazer qualquer tipo de elogio anacrónico. O que quero é muito concreto: fazer ver que o conceito de “pobreza” ou “pobreza de espírito” não é desprovido de efeitos devastadores. Bem-aventurados os massacrados, os ignorantes, os marginalizados, porque são dignos de amor e pecado, como todos os outros. Um conforto baseado numa doença, o pecado. E, por isso, agora se vê, com o pecado deposto pelas ciências, vem o desconforto e o desnorte. O que virá? Reinterpretação do cristianismo? Novo profeta? Apocalipse?

08 outubro, 2007 23:19  
Blogger icendul said...

luís almeida: o problema é que é o sintgama, não só o adjectivo isolado, o que também complexifica a questão:pobres "de/em espírito".de qqer modo, obrigada pelo grego e pelo hebraico.

yashmeen: talvez existam as duas espécies e são os contextos que se encarregam de evidenciar ou desmascarar.

aveugle.papillon: fica à vontade,ginásio é ginásio.e aqui não é preciso pagar mensalidade!

09 outubro, 2007 13:31  

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