um telhado para a secretária
sempre achei temível a circunstância de ter de trabalhar muito tempo em casa, talvez por fazer uma associação imediata com o que é estudar em casa. é diferente, porém. para estudar é preciso vestir uma espécie de cinta que nos permita acomodar interiormente o que absorvemos. podemos andar de um lado para ou outro, fazer pinos furiosos contra as paredes, podemo-nos despir, mas da cinta não nos livramos. há um qualquer coisa que tem de fazer parte momentânea de nós e é bom que seja arrumado, nem que seja por uma véspera. ao trabalhar, uma vez que o expelir do esforço e da focagem do dia está a ser executado e materializado, o sangue circula doutro modo. os autocolantes de infância colados nos armários inspiram, a cama seduz, mas pode servir de objectivo cronometrado: quando chegar àquele ponto, deito dez minutos de recompensa. a tela da cidade e os passos dos outros fazem falta intermitente, mas quando chegar àquele ponto, vou caminhar até...
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