domingo, setembro 23, 2007

Iron & Wine
In the Reins

brindada por uma virose em dominó familiar, que me obrigou a uma manutenção corporal horizontal nestes últimos dias, hoje, ainda em reestabelecimento da força física, celebrei a verticalidade e a força vertebral. bastam uns centímetros de febre dilatados no termómetro para avaliarmos o milagre da marcha normal, do timbre vocal límpido e não enrouquecido pela fraqueza, da operacionalidade da visão, do ginásio do sistema digestivo. tomar banho em convalescença é sempre um confronto excepcional com o corpo: pensar a vitalidade dos órgãos, como se os abrangesse por inteiro com o chuveiro; limpezas biomotivadas, limpezas automotivadas, é sempre impressionante o paralelo maquinal. o corpo, com todos os seus fluxos e refluxos é-me um dos selos mais marcantes do divino. vou deixar que seja sempre assim, tentar não esquecer os períodos de maior abatimento físico, durante o banho rotineiro para lembrar sempre a preciosidade do seu pulsar vital. sempre. sempre. sempre. o que tem I & W, acima recortado, a ver com tudo isto? fez parte da banda sonora do processo de limpeza visceral dos últimos dias - asseguro, porém, que foi um vírus importado, nada teve a ver com receitas ou experiências culinárias aqui anunciadas... - a vulnerabilidade do repouso na cama tem a vantagem de disponibizar os poros para uma recepção estética rendida, sem hora marcada.


4 Comments:

Blogger E. A. said...

Cara Vértice,

Espero que a sua convalescença aconteça breve e eficaz. :)

É inevitável termos uma maior consciência do nosso corpo quando os órgãos gritam pela sua existência. Eles existem num equilíbrio tácito e muito, muito frágil. No entanto, não considero que o estado de doença seja o ponto de vista previlegiado para tal. Aliás é arriscado para o próprio corpo, pensar-se assim. (Não estou directamente a dirigir-me assim, claro). Mas é nítido que, na vontade de sentir o corpo e senti-lo cada vez mais, o redemoinho de vertigens e sensações nos acabe por engolir. Penso que seja isto que aconteça aos amantes efusivos de tóxicos.


Como a Ocidente a alma sempre se sobrepos ao corpo,
as alternativas surgem a Oriente, com práticas interessantíssimas. Como o yôga, e o seu extraordinário investimento na consciência corporal.

Bom, foi o que me surgiu escrever diante do seu texto.

24 setembro, 2007 20:26  
Blogger E. A. said...

errata: onde se lê dirigir-me assim, deverá ler-se a si

cansada.................... ;)

24 setembro, 2007 20:38  
Blogger icendul said...

verdades, verdades, aveugle.papillon:)a doença aqui foi enfatizada apenas como ponto de partida contrastivo, mas deixei o meu voto de louvar sempre, sempre, sempre a vitalidade do corpo, num pulsar vigoroso e são.
como entendo o que diz e como busco índias para o espírito: tento sempre fazer a cruz Ocidente + Oriente.
e hoje, perante este texto, justifica-se a despedida latina

"vale":)

24 setembro, 2007 21:33  
Anonymous Anónimo said...

Li isto, por acaso, depois de tomar conhecimento do assassinato de cinco monges budistas pelo regime da birmania, nas recentes manifestações. É tão espiritual o oriente que eté me vêm as lágrimas aos olhos

26 setembro, 2007 15:38  

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