olhavam a árvore e o precipício de mar. estavam no cimo de uma outra árvore, sobranceira àquela porção de superfície. estas coordenadas inspiravam sentimentos demiúrgicos, como se tudo estivesse a ser contemplado do tecto do mundo. a verdade é que um salto mais abaixo, o solo do tronco que lhes suportava a planta dos pés era todo um declive de partículas de pó e húmus a acabar num côncavo cheio de água, e as raízes que ancoravam o miradouro eram da árvore, não dos seus corpos. ainda bem: o desejo de itinerância tem sempre uma seiva mais forte e nem a altura mascara a univocidade do cenário, já que a abrangência, sendo grande, não deixa de ser fragmentária. lá em baixo era mais baixo; era baixo, era novo. combinaram fazer o mútuo favor de rebolar monte abaixo, desenhando pistas de passagem vizinhas, mas diferentes. olhar do cimo da árvore era demasiado seguro para não ser pobre e pequeno. quando parassem, depois passar tontura, então regresariam àquele nó de galhos da parte esquerda do tronco da árvore, contando tudo o que haviam visto. quem chegasse primeiro, esperava e o máximo que poderia fazer seria assobiar para assinalar o retorno.
sexta-feira, março 02, 2007
Cais#116, Fev 2007 p. 13
5 Comments:
voltarei aqui, também...
asa de luz.
gostei do nome mal o li.
sempre bem-vindo!
a image e o texto em consonância: sublimes!*
palavras que doem e aliviam...cheguei para ficar...
bom dia!
abraço
sgc:
obrigada! dá um mergulhito para celebrar o fim do teu ciclo tesístico...:P
*
un dress:
sempre bem-vinda!
bom dia:)
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