cegonha em contra-luz
há uma semana que o cosmos voltou a conspirar na minha linhagem. mais uma vez, enquanto consumia as últimas horas do ano, a 300 km de distância, chegou a chamada telefónica com a emersão da chegada. tia, novamente... o sabor deste estatuto, embora desejado, é de uma absoluta passividade: troco o Douro pelo Tejo durante um ano, reduzindo o número de visitas familiares a quase uma vez por mês, e, entretanto, alguém que consanguineamente me é, sempre foi, desde a minha chegada como rebento mais novo, amplia-se e, por extensão, amplia-me. passo a ser uma espécie além da fronteira da irmandade ou do ser cunhada. era nisto que pensava esta tarde, enquanto contemplava o bebé e outros - que não os pais - tentavam detectar um ângulo de si no olhar, no nariz, na boca, nas orelhas, nos dedinhos, ou até nos malares do pequenino. das conversas de bastidores, também constam as disputas que as gerações mais velhas instalam. as pouco intrusivas boas práticas da metodologia de manuseamento de um recém-nascido dão direito à demarcação de propriedade dos jovens pais e à quase mágoa de quem, por exemplo, queria ditar como deitar e não foi ouvido!
por ora, esqueço esta parte e volto ao que interessa: és bem-vindo, P.
obrigada por me seres.
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